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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A promoção artificial da classe média

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Já ouviu falar em “Critério Brasil”, nobre leitor? Se sim, ótimo; se não, tentarei esclarecer-lhe, pedindo ajuda para corrigir-me quem sabe.

O Critério Brasil é o meio pelo qual a ABEP, Empresa Brasileira de Empresas de Pesquisa, classifica as classes econômicas do Brasil. Ele sofre várias críticas desde 1970, primeiro ano em que o Brasil adotou um padrão próprio para estratificar a população. E prende-se unicamente em valores econômicos e de seus resultados todos os governos utilizam-se para comprovar uma melhoria na situação econômica dos brasileiros, desde o milagre econômico de Delfim Neto até o Espetáculo do Crescimento, de Lula.

Pouco importa se a educação, a saúde, a moradia, o saneamento básico e o transporte estão arruinados em algumas regiões e sofríveis em outros. O que o povão quer é feijão na mesa, o resto ele vai conseguindo no laço, trabalhando muito ou vendendo votos ou a mãe, sonegando impostos ou dando cano nos credores, essas questões complicadas de estatística e números ele deixa pros “homens inteligentes” que elegeu. E nisso se pegam os governos.

Em 1981 a socióloga Graciette Borges da Silva fez um estudo sobre esses critérios e ainda nos dá um pequeno histórico científico de suas determinações. Em 2011 ficou determinado que este critério sofrerá pequena alteração para dividir a classe C. Atualmente somos divididos em classe A, B1, B3, B3, C, D e E. A partir de 2012 teremos classes C1 e C2, para abrigar a “nova classe média”.

Aqui você pode fazer uma simulação e descobrir em que classe está inserido.

Mas a estratificação social não é só econômica, há a quantitativa em relação à renda, quantitativa em relação à cultura e a qualitativa em relação à produção. As duas últimas pouco são faladas, seja pelos governos, que teriam que atirar no próprio pé, seja pelos jornais, compostos por jornalistas que apenas dão-se ao trabalho de reproduzir os boletins informativos que as assessorias de comunicação de órgãos e políticos lhes enviam por e-mail.

Os resultados das pesquisas estratificadoras a serem reveladas à população que determinam a classe social de cada cidadão – e entenda-se por cidadão cada brasileiro nato ou naturalizado no gozo de seus direitos civis e políticos –é resolvido por meia dúzia de tecnocratas que visam a boa imagem do governo. Em tempos de propagandas mais importantes do que resultados reais, isto vem trazendo frutos para a atual administração e seus políticos e partidos satélites.

É fato que duas pessoas, cada uma recebendo um salário mínimo por mês, vivem menos mal do que uma pessoa vivendo sozinha com um salário mínimo. A proporção crua não condiz com o resultado. Boa parte das despesas da casa reduzem-se quando divididas per capita, no caso da dupla. Por exemplo, se a casa tem uma televisão, os moradores têm que assistir aos mesmos programas, o que significa uma só despesa com energia, o mesmo aplicando-se à geladeira. A água usada para a confecção das refeições, material de limpeza da casa, aluguel, são outros exemplos. Isto não significa, porém, que o padrão social da dupla está um degrau acima do de cada indivíduo, uma vez que outras despesas, como vestiário, medicamentos, alimentação, higiene pessoal, educação, transporte são individualizadas.

O pai é balconista, a mãe é empregada doméstica, o filho é caixa de supermercado e a filha, merendeira da escola. Cada um tem salário de seiscentos reais e todos moram na mesma casa. Individualmente, cada um é pobre. Não é assim que o governo enxerga. Pelos cálculos atuais, somam-se os quatro salários, o que perfaz uma renda de 2.400 reais que, embora seja inferior ao salário mínimo tido como ideal pelo DIEESE, seria uma renda razoável. E assim esta família se vê promovida a “nova classe média”. Para os técnicos não importa se são quatro adultos vivendo, cada um, com um salário mínimo, mas, sim, uma residência com renda mensal de quatro salários mínimos.

Estatística, alguém já disse, é a ciência de se mentir com a credibilidade dos números.

 

©Marcos Pontes

14 comentários:

  1. CARO MARCO

    SEMPRE FIQUEI EM DÚVIDA SOBRE ESTAS UNIÕES SALARIAIS DE UMA FAMÍLIA PARA MUDAR DE CLASSE E VOCÊ FOI CLARO NA EXPLICAÇÃO.
    GOVERNOS MENTEM MAS TEM UNS QUE ABUSAM DO DIREITO DE ENGANAR, DE LUDIBRIAR E QUE, COM DISCURSOS DE AUTO ESTIMA, TRANSFORMAM O CRÉDITO EM PODER DE COMPRA E NÃO ELUCIDAM QUE A DÍVIDA SE NÃO PAGA NO TOTAL DA FATURA TRIPLICARÁ A OLHOS VISTOS.

    Marisa Cruz

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  2. Realmente amigo /Classe média !!!! É isso o que importa pra eles.Classificá-los assim! Abs.

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  3. Nem os melhores alquimistas faria melhor transformação de chumbo em ouro.

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  4. Essa classificação parece mais um complexo vitamínico.#Caracas, para que tanta divisão?
    Na incapacidade de elevar as pessoas para melhores condições, mascaram a miséria.
    Parabéns pela excelente explicação.

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  5. Acho que é claro q os governos usam as estatisticas para o seu próprio conforto, esta "estoria" q viramos uma grande classe média é obviamente ridícula, mas como discutimos em nossos tuites a imprenssa em geral compra qqer notícia sem estuda-la ou verificar como os ddados foram levantados e somos sdembotados com grandes mentiras noticiosas.

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  6. Estatistica foi a melhor ferramenta criada para esconder a DESFAÇATEZ dos governantes.

    Abraço, amigo.
    Astromaior365

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  7. Sempre me perguntei como o governo chega a essas estatísticas idiotas. Por ese post nota-se que os ignorantes vermelhos se quer sabem do pais que saqueiam.

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  8. Sempre me perguntei como o governo chega a essas estatísticas idiotas. Por ese post nota-se que os ignorantes vermelhos se quer sabem do pais que saqueiam.

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  9. O melhor é inimigo do bom...qdo se tem sapatos não queremos andar de chinelos. O ilusionismo do PT dificulta para muitos a arte de esconder a moeda...FACILITAR o crédito de geladeiras, carros aumentando as tarifas de luz e gasolina fará com que muitos #pinheirinhos se revoltem quando não terão o $ suficiente para pagar seus carnês.E nós vamos descendo na parábola... sem férias, lazer, vendendo os duplos e ficando quietos.Agora eles, eles, meu amigo, hoje começaram com ovos..e sabem que a culpa não é nossa são dos dirigentes desse país!

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  10. Na minha concepção, uma família de quatro pessoas (casal e dois filhos):
    - Escola particular para os filhos;
    - Plano de saúde;
    - Uma viagem de férias por ano;
    - Marido e mulher têm um carro cada um;

    Isso é classe média.

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  11. Como dizia meu velho pai, "nada como um dia depois do outro". É só esperar.

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  12. Se tivéssemos uma imprensa comprometida com a verdade, certamente essas mudanças de metodologia seriam esclarecidas, teríamos uma comparação com critérios anteriores e o resultado seria muito diferente.
    Comparar resultados em períodos distintos com metodologia modificada é desonesto.

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  13. Se tivéssemos uma imprensa comprometida com a verdade, certamente essas mudanças de metodologia seriam esclarecidas, teríamos uma comparação com critérios anteriores e o resultado seria muito diferente.
    Comparar resultados em períodos distintos com metodologia modificada é desonesto.

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  14. A "nova classe média" é outro mito da propaganda nazi-petista, assim como a autossuficiência de petróleo (que o Brasil já poderia ter há mais de 5 anos mas não tem devido à incompetência e ao desfalque petralha da PeTrobrás), Pré-Sal, Transposição, Inclusão, Comissão da Verdade (da Mentira), o PAC, PAC 2 e quase tudo o que o desgoverno PTralha faz.

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