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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Pipoca geral

As denúncias pipocam diariamente não só contra os membros do governo federal, mas em todas as instâncias do poder público; não só contra membros dos Executivos, mas, também, contra legisladores, juízes, promotores, delegados e promotores; não só contra componentes da esfera oficial, também contra as pseudo Organizações Não Governamentais que não dão um passo sem mamar nas tetas da viúva. Na ciranda de desmandos quem deveria investigar, coibir, fiscalizar e punir também pipoca, no terceiro sentido do termo.

Qualquer vendedor de laranjas em portão de estádio sabe que enquanto as leis forem frouxas e os órgãos fiscalizadores forem inócuos, incompetentes, aparelhados politicamente e covardes a roubalheira continuará. Os responsáveis pela feitura de leis e os responsáveis por fazerem-nas cumprir, porém, fazem de conta que não sabem e arrumam as mais esdrúxulas desculpas para na fazerem direito seu dever.

Somos o país do “deixa pra lá”.

O governador está comprando deputados? Ah, deixa pra lá.

A presidente está colocando incompetentes e ímprobos para gerenciar as estatais? Deixa pra lá.

Copa e Olimpíada estão superfaturadas e as negociatas para desviarem recursos públicos grassam de norte a sul? Deixa pra lá, o importante é que haja circo.

O povo não se manifesta, não vais às ruas, não protesta, não cobra de seus parlamentares? Dá um trabalho... Melhor deixar pra lá.

E aí, quando precisa de uma certidão, um exame médico, um remédio na farmácia do SUS e é mal atendido, deixa pra lá ou reclama na mesa do boteco como se o português do balcão fosse resolver seus problemas. O povo e o português do balcão deixam pra lá.

Deixando pra lá nos transformamos no país da barrigada. Cada um deixa a pança crescer para empurrar para o vizinho as questões que o afligem. O velho escapismo.

Nesse joguinho de empurra, a culpa é sempre do outro.

Se o guarda multa porque se atravessou o sinal vermelho, a culpa é do guarda que estava de tocaia; se o aluno tira nota baixa, a culpa é do professor; se a chuvarada alaga a cidade, a culpa é da prefeitura que não limpa os bueiros entochados do lixo atirado nas ruas pelo seu vizinho, a culpa é dele, você não faz isso; se o político assalta o erário, a culpa também é do vizinho que o elegeu, você só vota nos bons; se seu time joga mal e perde o jogo, a culpa é do juiz...

Na hora de assumir as próprias culpas ou de não cobrar devidamente o cumprimento das leis ou a confecção de leis mais duras contra todas as bandidagens, a culpa é sempre da passividade alheia. Chega a ser engraçado ver os legisladores culparem as leis, como se fossem outros e não eles os eleitos para legislarem.

Nessa pipoca geral a impotência individual nos faz deixar pra lá.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Pensar…Pensar… Pensar… Muito trabalho

massa

Por mais que eu tenha aprendido com Chesterton que não devemos discutir com loucos porque eles sempre têm razão e com a inteligência popular que não se deve dar luz a cego e nem gastar vela com defunto ruim; por mais que eu saiba que o sectarismo é a consubstanciação da burrice e que papagaio velho não aprende palavra nova; que o pior cego é o que não quer ver e que não adianta tapar o sol com peneira; que ideologia política é resultado da somatória de gostos com vivências com orientações de alguma referência intelectual com gostos e necessidades e que isto é um direito sagrado e inalienável do cidadão, não consigo aceitar como pessoas ditas cultas, inteligentes, politizadas e que acham tudo isso de si mesmas caiam na esparrela de aceitar sem questionar as ordens e palavras de ordens dos caciques de qualquer grupelho ou agremiação.

Nem falo dos maconheirinhos da USP ou de qualquer universidade pública, via de regra dos cursos de Ciências Humanas, não que as biológicas e as exatas estejam totalmente isentas. Não falo dos candidatos a cacique que sabem não ter potencial para alçarem maiores voos nas quadrilhas em que são arraia miúda sem cacife para galgarem os próximos degraus e por isso se contentam com as migalhas que caem da mesa do banquete dos cardeais (aqui me permito usar a imagem criada por um poeta esquerdista dos anos 70). Não falo dos jornalistas remunerados por empresas estatais que não esquecem-se de seu passado de estrelas nos meios de comunicação que hoje chamam de golpista, fascistas, retrógrados ou qualquer adjetivo que considerem ofensa e, por terem perdido o status quo de formadores de opinião que tinha em grande escala contentam-se em arregimentar mais esteios para o castelo de areia que vendem como mansões de pedra inquebrável com quartos para todos os seguidores, como fazem os líderes malucos do Oriente com suas setenta virgens e um lugar ao lado direito de Maomé – o pobre profeta nem deve ter braço esquerdo para poder abraçar todos os crédulos inocentes que compraram o paraíso às custas de umas bananas de dinamite. Não falo dos empresários que atestam um atestado de incompetentes para encarar o mercado nos olhos e trocam de cores partidárias de acordo com o as cores do ocupante do trono na esperança de venderem com notas superfaturadas ou não merenda escolar, papel higiênico, cadeiras, computadores ou coberturas de estádios sem licitação, poço se importando que parte desse dinheiro poderia alimentar empresários honestos, além de sobrar muita verba para as necessidades básicas da nação, como pavimentação de ruas, esgotamento sanitário, transporte de qualidade, educação que mereça este título, hospitais que curem de verdade. Não falo dos cabos eleitorais semianalfabetos que dão graças a Deus por terem eleições a cada dois anos e assim ganham uma graninha extra alugando os filhos para entregarem panfletos nas esquinas, sobrinhos para segurarem bandeiras no semáforo ou a Kombi velha para carregar matéria de campanha e eleitores. Não falo dos intelectuais e intelectualóides formados em boas escolas, autores de livros, artigos em jornais e revistas, donos espaços nas televisões onde mostram suas barbas bem traçadas, seus óculos de aro grosso, seus suéteres de lã dos Alpes, seus bonezinhos de golfistas a la anos 50 e seus cachimbos de pau de roseira e fumo cubano e vomitam verdades absolutas e incontestáveis em que até acreditam de fato, mesmo que para isso tenham que distorcer a História e fazer de Cuba um paraíso mais atraente do que aquele das setenta virgens à direita de Maomé. Não falo do pobre feirante que teve pouca ou nenhuma educação, não tem hábito ou dinheiro para comprar jornais e revistas ou paciência para procurar algo além de site de mulher pelada na internet e prefere acreditar no candidato que promete continuar dando bolsa-qualquer-coisa a perder de vista e por isso é um cara porreta e quando aparece sorrindo na televisão falando aquelas coisas incompreensivas mostra o quanto está preparado para mandar na cidade-estado-país-ONU-mundo.

Quer saber? Falo é de todos eles, sim. Mas não por não comungarem das mesmas crenças políticas que eu, mas por não verem os defeitos de seus líderes, capazes de se deixarem usar como tapetes para que seus messias não sujem os sapatos nas ruas sem esgotos que dizem administrar. Por não questionarem as falhas de seus líderes e asseclas, preferindo culpar quem mostra que o rei está nu do que observar a bunda de fora do rei.

 

©Marcos Pontes

domingo, 6 de novembro de 2011

Maconha e cachaça, o ideal revolucionário

usp

Peiar é a ação de prender os pés das galinhas, deixando apenas dez a quinze centímetros entre um pé e outro. Isso impedia que o animal fugisse do terreiro ou caísse no choco, deixando os ovos para o consumo. A galinha peiada ficava com seus movimentos limitados.

Peiado é como vejo o governo a cada invasão de prédios públicos e a peia é o corporativismo entre o próprio governo e os grupelhos invasores.

Não deixo de lembrar a invasão da hidrelétrica de Tucuruí por “sem barragens, em 2007. Naquela ocasião víamos um senhor despreparado brincando com o painel de controle da usina e a conivência tácita do governo federal. Em nome do respeito às minorias e às reivindicações “justas” do “excluídos”, a reintegração de posse deu-se ao bel prazer dos criminosos. Esta prática vem repetindo-se constantemente desde o governo de FHC e é efeito colateral da Constituição-cidadã do Ulysses Guimarães, que encheu de direitos sem cobrar devidamente a contrapartida dos deveres.

Incra, ministérios, repartições públicas e universidades são alvos preferenciais dos insatisfeitos que acham que o país tem que ser governado para si e não para a totalidade da população.

Sou um defensor da desobediência civil contra a extorsão estatal por meio de impostos, taxas e juros, quando ela se dá em prol de todos e não para a defesa de agremiações, partidos, classes específicas ou desordenados improdutivos.

Há poucas semanas um amigo teve sua fazenda invadida por sem-terras. Para ter sua propriedade de volta, teve que gastar mais de nove mil reais com advogados, viagens à capital e combustível e alimentação para a polícia deslocar-se até o local para dar-lhe a reintegração de posse. Os invasores nada arcaram, não serão processados, não têm que ressarcir os custos do proprietário e os prejuízos deixados pela destruição de equipamentos, morte de vacas, derrubada de parte da mata ou pela falta de negócios no período da invasão. Seguindo a legalidade, o cidadão arca com os danos e os bandidos ficam com os bônus.

A invasão da USP vai pelo mesmo caminho. Flagranteados com maconha dentro do campus, alguns baderneiros fantasiados de estudantes geraram o confronto e pedem o fim do convênio da universidade com a Polícia Militar.

Este convênio deu-se para inibir os numerosos casos de assaltos, furtos e estupros que aconteciam na área do campus, depois de assembléia de estudantes, professores e funcionários. Foi uma medida acatada pela maioria. Tudo ia bem até que a polícia fez uso da legislação e prendeu os financiadores do tráfico.

Feita nova assembléia, a maioria decidiu pela manutenção do convênio, mas a massa desocupada, numa demonstração de que democracia, para eles, é imporem suas vontades, preferiu pela manutenção da invasão e ainda colocam faixas zombando da declaração do governador Alkimin que disse que “ninguém está acima da lei” e completam “só os políticos ladrões”. É o velho relativismo. Justificam sua ilegalidade com a sentença tácita “se eles podem desobedecer as leis roubando, nós podemos também, invadindo propriedade pública”. Já diziam os antigos, “quem quer ser respeitado, dê-se o respeito”.

Se se acham com a razão, por que cobrem os rostos com máscaras e camisetas, à moda dos marginais que tomam conta das bocas de fumo onde se abastecem? Se se dizem democratas – ou não se dizem? -, por que não seguem a decisão da maioria e assumem a condição humilde de voto vencido, mas respeitador da vontade de seus pares? Se são defensores da liberdade, por que tentam coibir fotos e filmagens da imprensa? Se são estudantes, por que não se dedicam ao ofício de estudar ao invés de comportarem-se apenas como alunos? E pelas fotos vêem-se alunos à beira dos quarenta, cabelos grisalhos, no meio dos recém saídos da adolescência na comprovação de que a infiltração de estudantes profissionais dá-se, como sempre deu-se, nos movimentos estudantis.

A UNE também está peiada pelos milhões que recebem anualmente pelo governo. E para onde vão esses milhões? O que de concreto é feito com a fortuna dada a fundo perdido para a entidade político-ideológica-estudantil? Difícil acreditar que toda a dinheirama foi gasta nas pizzas, camisinhas, cervejas e maconha consumidas na festa de Baco em que se transformou esta ocupação sem pé nem cabeça.

Os governos têm que superar seu medo de confundir autoridade com autoritarismo. Sua autoridade é dada pelo povo e para ele devem governar, não para uma meia dúzia de hippies de cartão de crédito que usam roupas de grife – o Reinaldo Azevedo acertou na mosca ao chmá-los de hippies de Ray Ban e Gap – e maconha paraguaia, além do ecstasy holandês e sabe-se lá que outros “artigos” importados.

Os governos precisam de coragem para romper as peias que essa minoria sem classe e sem causa lhes colocam em nome de uma falsa liberdade de expressão.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Governo é ingrato com a mídia

imprensa

Os partidários da presidente, do PT e do ex-presidente – curiosamente três conjuntos que têm alguma intersecção entre si, mas não são a mesma coisa – estão perdendo uma grande oportunidade de mudarem o discurso e, ao invés de agredir a pequena parte da imprensa que desvenda os currais de corrupção nos ministérios e no Congresso, deveria agradecê-la.

Dilma, que tem o desejo tácito para ouvidos comuns, mas gritantes para quem conhece a mentalidade esquerdista, vem tentando desvincular sua imagem da de Lula por ver nele seu maior adversário nas próximas eleições e a imprensa tem-lhe ajudado nessa missão.

Ao contrário da massa acéfala que apóia o governo de olhos fechados, a própria Dilma não tem feito acusações contra a imprensa, pelo contrário. Não perde a oportunidade de defender a liberdade de imprensa, ao contrário do seu antecessor que, a qualquer denúncia, coloca os acusados sob suas asas e prega uma mordaça nos veículos de comunicação.

Menos tolerante que Lula ela já demonstrou que é, quando se torna de acusações contra seus assessores. Dos seis ministros que já demitiu, perdeu tempo mais do que necessário com Palocci e Orlando Silva, mas não deixou de defenestrá-los, sinal de que concorda com o que diz a mídia, acusados têm que ser afastados pelo menos até que as investigações sejam concluídas, mesmo que essas os absolva. Se ela viesse a público e agradecesse, humildemente, a contribuição que as revistas e jornais têm-lhe dado para afastar-se dos ímprobos, ganharia a simpatia dessa mesma imprensa e a população a apoiaria mais facilmente na pseudo-faxina. O lado ruim seria ter que suportar as caras feias daqueles que fazem vistas grossas para os roubos dos companheiros, mas, em sendo ela firma, sentir-se-iam obrigados a descartar os bandidos, pelo menos pró-forma, e assumirem abertamente a luta contra a corrupção.

A base de apoio ganharia por ganhar identidade própria e independente de Lula, dos acusados e dos esquemas de rapinagem incontáveis na máquina pública. Sua imagem ficaria mais limpa diante da opinião pública evitando um pouco o desgaste que os políticos sofrem dia após dia diante do julgamento popular. Dariam a impressão de que não estão do lado de Lula, de Dilma ou dos companheiros flagrados com a mão na cumbuca e passariam por bons moços que não coadunam com a ladroagem. Mesmo a população sabendo que seria apenas teatrinho, sairiam melhor na foto do que a imagem atual de cúmplices dos bandidos da república.

Lula e seu grupo de cama, mesa e banho – Dirceu, Berzoini, Vaccarezza, Mercadante, Grenhalgh... – também ganhariam se deixassem de brigar com Veja e companhia se vestissem uma máscara de humildade a agradecessem pela ajuda na limpeza de Brasília. A imprensa sentir-se-ia reconhecida e talvez até lhe desse uma trégua, a população que lhe dá votos veria a humildade e raivosa iria às ruas junta à parte que não lhe suporta pedir mais limpeza, moralidade, ética, probidade na administração da coisa pública.

Esperar atitude assim de Lula e sua gang é querer muito. Primeiro, porque humildade não consta em seu vocabulário; segundo, correria o risco de ter uma rebelião dos bandidos unidos a quem sempre deu cobertura e que sentir-se-iam traídos pelo capo de tutti capi; terceiro, estaria abrindo as portas para a imprensa, à vontade, desmascarar suas próprias atividades ilícitas, seu enriquecimento inexplicável, suas cinco aposentadorias, seus negócios escusos com capitães de empresas na época em que vendia os companheiros sindicalistas para amealhar prestígio e dinheiro; quarto, corria o risco de algum atual cúmplice, num descarrego de consciência ou para desabafar por alguma falcatrua não apoiada pelo chefe, abrir o verbo e entregar para algum jornal ou revista algum esquema ainda encoberto pelo tapete da impunidade e a desfaçatez da impunidade. Mas, ainda assim, teria do seu lado esta massa que hoje o apóia em tudo o que faz, por mais desonesto que seja e arrumaria uma briga particular, podendo até sair, mais uma vez, como o messias vermelho que salvará o Brasil e o mundo da miséria. Se não de fato, pela menos na propaganda, ofício o qual ele é PhD honoris causa.

A ingratidão da esquerda para com a imprensa apenas ajuda a ferver o caldeirão em que se transformou o país cindido por ela mesma, a esquerda, sob a batuta de Lula e seus luas pardas gramscinianos.

 

©Marcos Pontes

domingo, 30 de outubro de 2011

Câncer marqueteiro

lulafumando

Na mesma semana cai o ministro dos esportes e é sujeito de investigação; o governador comunista do Governo Federal amarga o ressurgimento de denúncias de improbidade tanto no mesmo Ministério do Esporte, quanto na governança do DF; alunos (estudantes são aqueles que estudam) da USP invadem o campus e pedem o fim do convênio com a Polícia Militar, já esquecidos que votaram a favor desse convênio quando eram vítimas de assaltos e estupros, criam uma quizumba e só faltam declarar em nota oficial que com a PM por perto não podem fumar maconha, embriagar-se com dinheiro da UNE e vandalizar o campus impunemente; o novo ministro dos esportes diz que não mais fará convênios com ONG, gerando chiadeira entre os amigos esquerdistas; é divulgado o número de mortes por meningite na Bahia em 2011, 59 até o momento, mas o governador, por economia, irresponsabilidade ou economia nega-se a admitir que há um surto da doença; STF manteve a legalidade do exame da Ordem dos Advogados do Brasil, para o desgosto do PT, que queria sua eliminação; Fiesp divulga estudo que aponta mais de R$ 82 bilhões desviados do erário pela corrupção a cada ano; surgem mais denúncias e comprovações de que centenas de Organizações Não Governamentais vivem penduradas no governo e com os repasses de verbas públicas sobrevivem, embora boa parte não entrega o produto que vendem...

Enfim, não foi uma semana boa para o governo e sua base de sustentação política (um ninho de rato que se precisa de um punhado de paciência para levantar quantos dos 38 partidos a compõem). Mas nem tudo está perdido para eles.

Sem querer fazer pouco da doença que se instalou no ex-presidente, por respeito ao ser humano e a todos aqueles milhares que sofrem do mesmo mal e que nada têm a ver com a falta de caráter do mesmo, o câncer não é de todo uma má notícia para o PT e seu governo.

Também sem querer lançar maus agouros sobre Lula, desde antes de Odorico Paraguaçu sabe-se que um moto dá muitos votos. Ao que tudo indica o câncer de Lula será controlado com algum esforço, muito dinheiro e a melhor equipe multidisciplinar que um doente desse mal possa contar no Brasil.

Clériston Andrade não venceria a eleição para governador, em 1982, ano em que o MDB ganhou de cabo a rabo em todo o país. Sua morte num acidente de helicóptero duas semanas antes do pleito fez ACM lançar João Durval. Em cima do cadáver, contando com a comoção popular, Durval elegeu-se.

Che Guevara virou santo para os esquerdistas que não acreditam em Deus somente depois de sua morte. Antes disso, era apenas o galã dos revolucionários, o Todo poderoso era Fidel que aproveitou a morte do ex-companheiro em suas propagandas para conquistar a simpatia dos cubanos que ainda não haviam sucumbido a seu charme ou morrido nos paredões. Sarney conquistou a simpatia popular depois da morte de Tancredo, antes disso era apenas mais um ponto na costura que a esquerda fizera com os partidos de apoio aos militares. Morto Tancredo parte das viúvas da direita tentaram impedir o vice de assumir, daí vieram Ulysses, Teotônio, Saturnino e outros caciques usando a imagem simpática de Tancredo para conquistarem a simpatia popular para aquele que seria o pior presidente que o período pós ditadura já tivera até os dias de hoje. A própria Dilma teve muita ajuda de seu câncer, conquistando a piedade de muitas mulheres, algumas das quais conheci. Antes de terem medo de que a presidente morresse da doença, simpatizavam com sua condição de lutadora contra o câncer ao mesmo tempo que enfrentava a batalha eleitoral.

Lula acertou ao tornar público seu mal, mesmo que sem querer, mas não o fez por grandeza de caráter ou amor à transparência, muito pelo contrário. O fez por vaidade. Aliás, a vaidade é tão grande que, segundo narram os jornalistas oficiais, perguntou aos médicos se ficaria careca. Difícil imaginar alguém que recebe a notícia de que contraiu a pior das doenças preocupe-se com suas madeixas antes de preocupar-se com sua vida, mas... Mais tarde pediu que os médicos divulguem sempre para a imprensa o passo-a-passo de seu tratamento. Auto-marqueteiro imbatível, Lula faz do mal um aliado. Não sairá do noticiário e ainda arrebanhará condoídos.

Há alguns meses, na inauguração de um hospital, disse que dava até vontade de adoecer para internar-se ali. A oportunidade foi-lhe dada, porém, bem ao seu feitio, não cumpriu a palavra e recorreu ao milionário e capitalista Sírio e Libanês, cheio de loiros de olhos azuis, a mesma etnia que um dia ele destratou como sendo os responsáveis pelas mazelas do mundo.

Ainda há brasileiros com memória e estes lembraram desse episódio e daquele outro em que ele afirmara que a saúde pública brasileira beirava a perfeição e estes, eu entre eles, passaram a se perguntar, se é assim, por que ele não seguiu os exemplos de Tancredo e Covas, homens públicos com doenças fatais, que foram atendidos por hospitais públicos até seus últimos dias?

A melhor de todas as respostas, veio com uma pergunta de um de seus muitos defensores nas redes sociais: “"Por que Lula tem que se tratar no SUS se tem dinheiro para pagar hospital particular?". Ora, primeiro porque no Instituto do Câncer ele estaria testemunhando em favor do sistema público de saúde; segundo porque todos sabemos que quem pagará a conta de um dos mais caros hospitais do país não será ele, mas o erário, a fundo perdido; terceiro, para ser coerente com seu discurso populista que reclama que somente as elites têm acesso a tratamentos de excelência e ele não é elite, é “povão”; quarto, por posicionamento ideológico, embora todos saibamos que Lula não tem ideologia política, apenas interesses pessoais e corporativos. Ao pregar a presença máxima do estado e sendo seu tratamento bancado com dinheiro público, nada mais justo que seja realizado no sistema público.

Repito, não desejo a morte de Lula ou de qualquer outra pessoa, embora seja a favor da pena de morte para praticantes de alguns crimes, e em seu caso particular porque sou o mais otimista dos pessimistas e ainda tenho a esperança de vê-lo e a seus asseclas no banco de réus por conta dos muitos crimes que cometeu ou com os quais foi ou é cúmplice.

©Marcos Pontes

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ENEM: Muita gente para um segredo

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O INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, a mega-autarquia responsável pelo gerenciamento da Educação nacional, diretamente ligada ao MEC, é uma daquelas boas idéias que tornam-se monstros diante má gestão e da megalomania vermelha.

Entre as incontáveis missões do INEP, está a elaboração, distribuição, correção e divulgação dos resultados das avaliações dos ensinos básico, médio e superior em todo o país. Atualmente é presidido por Malvina Tania Tuttman, uma pedagoga, ex-reitora da UFRJ, que tem entre suas especializações Planejamento e Avaliação Educacional, especialmente em flexibilização curricular (o que para mim já é uma temeridade, mas é conversa para outra hora). Não vou entrar no currículo escolar da senhora Malvina,sobre seu histórico acadêmico dou a palavra ao Reinaldo Azevedo, que sabe bem mais. Num artigo, porém, ela mostra o que acha da inclusão na universidade pública, clara análise esquerdista.

Voltando ao INEP e às avaliações.

Recriado por decreto presidencial de 2007, o INEP surgiu com atribuições centralizadoras e com tendência de unificar o ensino em todo o país, contrariando, inclusive, princípios determinados por educadores esquerdistas históricos como Paulo Freire e Pedro Casaldáliga, que defendiam a regionalização do ensino, dadas as enormes diferenças culturais. Dom Casaldáliga, citava o já clássico exemplo das cartilhas que ensinavam a criança a ler com frases como “vovô viu a uva”, que ele rebatia, “como falar de uva para uma criança de Marabá que jamais viu uma uva na vida?”.

A nova autarquia não se resumia a unificar a educação, mas a cavucar todos os cantinhos da educação nacional e até teve momentos interessantes, como quando criou o piso salarial nacional para professores, embora ainda desrespeitado em incontáveis municípios Brasil a dentro.

As avaliações nacionais de qualidade do ensino foram instaurados pelo ministro Paulo Renato, no segundo mandato de FHC. A princípio, bem ao feitio democratista tucano, estas avaliações, principalmente ENEM e o hoje chamado SINAES, popularmente chamado Provão do Ensino Superior, eram facultativos. Nos primeiros anos aconteceram até boicotes em massa em diversas universidades públicas, principalmente nas faculdades de Ciências humanas, sabidamente o braço mais forte das universidades federais. Seguia o caminho da CPMF, que foi entrando devagarzinho, 0,18% das transações bancárias e terminou comendo 0,38% dessas transações.

Contou-me o reitor de uma universidade federal, em maio deste ano, que adotar o ENEM como critério de seleção é facultativo para as universidades federais, mas apenas pró-forma. De fato, há uma ameaça por parte do MEC: as universidades que não adotarem o ENEM terão suas verbas reduzidas. Outra característica da democracia esquerdista: você é livre para fazer o que quiser, desde que eu também queira.

As avaliações qualitativas trazidas por Paulo Renato eram inspiradas nas avaliações que acontecem nos Estados Unidos, França e Inglaterra há décadas, mas logo foi devidamente abrasileirada. No país em que bandidos são soltos porque não há presídios para todos, as penas são amenizadas pelos mesmos motivos e assassinos menores de idade são apenas menores infratores; em que não se consegue inibir o tráfico de drogas, por isso estuda sua descriminalização; em que uma senadora chefe de uma família sabidamente desagregada resolve acabar com as comemorações dos dias das mães e dos pais nas escolas; em que foi criado um ministério da desburocratização que foi extinguido antes de extinguir a excessiva burocracia; em que, mesmo após morrerem 93 pessoas de meningite num estado, por falta de vacinas e vontade de comprá-las o governo teima em ignorar que haja um surto da doença, a baixa qualidade do ensino detectada pelas provas nacionais – ENEM, ENCCEJA, SAEB, Prova Brasil e SINAES -. Preferível baixar o nível dessas avaliações do que elevar a qualidade do ensino.

Eis a idéia que era boa e tornou-se um monstro.

Todas as universidades federais têm uma Comissão Permanente do Vestibular, responsável pela elaboração das provas e todo o processo seletivo. O INEP abriu a essas Comissões a possibilidade de participarem da elaboração das provas. Ainda há uma consultoria do IMETRO, que participa desde a elaboração das questões à impressão, ao preço de R$ 167.216,80, em 2011. Mesmo com a Casa da Moeda, cercada de toda a segurança que um edifício pode ter, e a gráfica de melhor qualidade do país, ou mesmo o parque gráfico de grandes universidades, como UnB, USP ou UFRJ, as provas do ENEM são impressas pela Gráfica RRDonelley, uma empresa privada com sede no Rio de Janeiro. Mais coisa: dentro do INEP há uma senhora chamada Gisele Gama, consultora da autarquia e da Abaquar Editores Associados, uma escola de cursos on-line. É muita gente para guardar um segredo.

É comum professores pegarem questões em livros, apostilas e vestibulares, ENEM, olimpíadas de matemática etc. para elaborarem suas provas, mas parece que o processo está se invertendo. Mesmo saltando de R$ 145, 1 milhões, em 2009, para R$ 238,5 milhões este ano os custos do ENEM, saltando de R$ 39,00/aluno, para R$ 45,00/aluno e contando com toda essa maquinaria estatal e pública por trás, ao que parece os elaboradores das provas piratearam questões elaboradas pelo Colégio Christus, de Fortaleza, e furtaram 14 questões. O noticiário e o ministro inepto tentam inverter as coisas, dando a entender que o Colégio foi quem adiantou as questões, mas, ao que consta, as ditas questões estavam em simulados do ano passado que o colégio ministrou aos seus alunos. Estamos pagando muito para toda essa multidão aproveitar-se do trabalho de professores de um colégio, como se fossem os profissionais fortalezenses os bandidos desse novo capítulo do livro de inoperância, desonestidade e despreparo do atual ministros, seus assessores, seus consultores e quem mais estiver envolvido no processo.

 

©Marcos Pontes

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Senhor Senador! / Senhora Senadora! Senhor Deputado! / Senhora Deputada!

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Todos os Senhores e Senhoras, os de boa fé, estão sendo enganados pela PETROBRAS e pelos seus geólogos com “A FARSA DO PRÉ-SAL BRASILEIRO”, e afirmo isso enquanto ex-geólogo de petróleo, que por cerca de 20 anos, trabalhou na Empresa na Bacia Sedimentar de Sergipe e de Alagoas, a mais completa das bacias brasileiras em termos de registros sedimentares, uma verdadeira bacia escola.

Em 1989, através de um relatório técnico afirmei que na parte terrestre da Bacia de Sergipe, de Alagoas, de Pernambuco e da Paraíba (Exploração Petrolífera SEAL e PEPB) não havia mais petróleo novo por descobrir e isso me custou a primeira demissão da Petrobras. Infelizmente eu estava certo. Nenhuma descoberta ocorreu mais na Bacia de Sergipe e de Alagoas, na parte terrestre, em que pese todo o aparato tecnológico empregado na sua exploração, desde então.

Denunciei em 2005 ao MPF/SE e pedi providências contra o caixa2 na construção da plataforma de casco redondo para o Campo de Piranema, um projeto com contrato de aluguel por 11 anos da plataforma de casco redondo, a primeira do mundo, ao custo de U$ 1 bilhão de dólares. Mostrei a farsa, mas o Gerente Geral da Petrobras em Sergipe Geólogo Eugênio Dezen apresentou um relatório elaborado pela empresa de consultoria DeGOLEYR and MacNAUGHTON atestando a economicidade do Campo de Piranema, tendo solicitado ao MPF/SE para que eu não tivesse acesso ao mesmo, o que de fato aconteceu, ou seja, o MPF/SE não permitiu que a parte denunciante envolvida tivesse acesso a documentação, o que torna o caso mais suspeito ainda, porque tal decisão fere frontalmente a CF/88. O que levou então o MPF/SE a cometer essa ilegalidade? (Lula e Déda inauguram Piranema e O custo do fracasso de Piranema) Infelizmente eu estava certo novamente (Os projetos da Petrobras para Sergipe)

Levei também ao conhecimento dos Senhores e Senhoras, quando do anúncio da descoberta do Pré-Sal (Pré-sal: farsa ou propaganda enganosa?), que se tratava de propagando enganosa do governo federal e nenhum dos Senhores e Senhoras se dignou em pedir explicações justificadas, com exemplos reais, sobre os meus questionamentos a PETROBRAS ou a qualquer dos milhares de assessores parlamentares, os quais continuam válidos, e que sem explicações fundamentadas fica evidenciada a farsa.

A CPI da PETROBRAS poderia ter esclarecido este estelionato eleitoral, mas a maioria dos Senhores e das Senhoras preferiu calar e trair o País. Agora, ridícula e irresponsavelmente travam uma infrutífera guerra pelos royalties de um volume de petróleo inexistente no Pré-Sal, quando o País clama desesperadamente por socorro na saúde, na educação, na segurança, na... E em todas as áreas, dos 40 ministérios, cada um deles envolvido mais que outro em atos eivados de ilegalidades contra a administração pública e contra o cidadão, alguns com casos explícitos de corrupção generalizada.

Todos os questionamentos, principalmente sobre os valores utilizados como parâmetros nas simulações dos volumes descobertos, podem ser vistos novamente em: As descobertas da PETROBRAS no pré-sal brasileiro e A confusão com a terminologia da PETROBRAS para os volumes do pré-sal

Para encerrar, alguns deles que PETROBRAS também não sabe explicar:

“Teoria Orgânica” versus “Teoria Inorgânica” para a origem do petróleo do Pré-Sal:

a) Origem orgânica:

Petróleo é marinho ou continental? Onde está a rocha geradora do petróleo? A rocha geradora está em contato com a rocha reservatório? O volume de rocha geradora é compatível com o volume de óleo descoberto, segundo a PETROBRAS? Se a rocha geradora não está em contato com a rocha reservatório, o petróleo migrou de onde e por onde? Através de falhas geológicas?

b) Origem inorgânica:

Onde e quando foi gerado, quando e por onde migrou para a rocha reservatório? Através de falhas geológicas?

Portanto, se a migração foi por falhas então as rochas reservatórios não tem essa tão propalada continuidade, fato esse corroborado pelos poços secos perfurados, o que diminui sensivelmente a área em extensão dos reservatórios e armadilhas e, consequentemente, o possível volume de petróleo descoberto.

Em síntese, o problema é que a PETROBRAS não consegue se explicar geologicamente quanto ao volume de petróleo descoberto e anunciado com estardalhaço pelo governo federal, volume esse totalmente questionável, tanto pela “Teoria Orgânica para a Origem do Petróleo” (com a qual a PETROBRAS trabalha e para isso montou um dos maiores laboratórios de geoquímica do petróleo do mundo) quanto pela “Teoria Inorgânica”.

Desejo todos os Senhores e Senhoras que vivam o suficiente para verificarem que infelizmente mais uma vez estarei certo, no caso da FARSA do PRÉ-SAL. Pobre BRASIL!

Atenciosamente.

 

E-mail enviado pelo geólogo e amigo @ivomarcelino enviado aos deputados federais e gentilmente cedido a este blog. Aprendamos com quem sabe.

 

©Marcos Pontes