O INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, a mega-autarquia responsável pelo gerenciamento da Educação nacional, diretamente ligada ao MEC, é uma daquelas boas idéias que tornam-se monstros diante má gestão e da megalomania vermelha.
Entre as incontáveis missões do INEP, está a elaboração, distribuição, correção e divulgação dos resultados das avaliações dos ensinos básico, médio e superior em todo o país. Atualmente é presidido por Malvina Tania Tuttman, uma pedagoga, ex-reitora da UFRJ, que tem entre suas especializações Planejamento e Avaliação Educacional, especialmente em flexibilização curricular (o que para mim já é uma temeridade, mas é conversa para outra hora). Não vou entrar no currículo escolar da senhora Malvina,sobre seu histórico acadêmico dou a palavra ao Reinaldo Azevedo, que sabe bem mais. Num artigo, porém, ela mostra o que acha da inclusão na universidade pública, clara análise esquerdista.
Voltando ao INEP e às avaliações.
Recriado por decreto presidencial de 2007, o INEP surgiu com atribuições centralizadoras e com tendência de unificar o ensino em todo o país, contrariando, inclusive, princípios determinados por educadores esquerdistas históricos como Paulo Freire e Pedro Casaldáliga, que defendiam a regionalização do ensino, dadas as enormes diferenças culturais. Dom Casaldáliga, citava o já clássico exemplo das cartilhas que ensinavam a criança a ler com frases como “vovô viu a uva”, que ele rebatia, “como falar de uva para uma criança de Marabá que jamais viu uma uva na vida?”.
A nova autarquia não se resumia a unificar a educação, mas a cavucar todos os cantinhos da educação nacional e até teve momentos interessantes, como quando criou o piso salarial nacional para professores, embora ainda desrespeitado em incontáveis municípios Brasil a dentro.
As avaliações nacionais de qualidade do ensino foram instaurados pelo ministro Paulo Renato, no segundo mandato de FHC. A princípio, bem ao feitio democratista tucano, estas avaliações, principalmente ENEM e o hoje chamado SINAES, popularmente chamado Provão do Ensino Superior, eram facultativos. Nos primeiros anos aconteceram até boicotes em massa em diversas universidades públicas, principalmente nas faculdades de Ciências humanas, sabidamente o braço mais forte das universidades federais. Seguia o caminho da CPMF, que foi entrando devagarzinho, 0,18% das transações bancárias e terminou comendo 0,38% dessas transações.
Contou-me o reitor de uma universidade federal, em maio deste ano, que adotar o ENEM como critério de seleção é facultativo para as universidades federais, mas apenas pró-forma. De fato, há uma ameaça por parte do MEC: as universidades que não adotarem o ENEM terão suas verbas reduzidas. Outra característica da democracia esquerdista: você é livre para fazer o que quiser, desde que eu também queira.
As avaliações qualitativas trazidas por Paulo Renato eram inspiradas nas avaliações que acontecem nos Estados Unidos, França e Inglaterra há décadas, mas logo foi devidamente abrasileirada. No país em que bandidos são soltos porque não há presídios para todos, as penas são amenizadas pelos mesmos motivos e assassinos menores de idade são apenas menores infratores; em que não se consegue inibir o tráfico de drogas, por isso estuda sua descriminalização; em que uma senadora chefe de uma família sabidamente desagregada resolve acabar com as comemorações dos dias das mães e dos pais nas escolas; em que foi criado um ministério da desburocratização que foi extinguido antes de extinguir a excessiva burocracia; em que, mesmo após morrerem 93 pessoas de meningite num estado, por falta de vacinas e vontade de comprá-las o governo teima em ignorar que haja um surto da doença, a baixa qualidade do ensino detectada pelas provas nacionais – ENEM, ENCCEJA, SAEB, Prova Brasil e SINAES -. Preferível baixar o nível dessas avaliações do que elevar a qualidade do ensino.
Eis a idéia que era boa e tornou-se um monstro.
Todas as universidades federais têm uma Comissão Permanente do Vestibular, responsável pela elaboração das provas e todo o processo seletivo. O INEP abriu a essas Comissões a possibilidade de participarem da elaboração das provas. Ainda há uma consultoria do IMETRO, que participa desde a elaboração das questões à impressão, ao preço de R$ 167.216,80, em 2011. Mesmo com a Casa da Moeda, cercada de toda a segurança que um edifício pode ter, e a gráfica de melhor qualidade do país, ou mesmo o parque gráfico de grandes universidades, como UnB, USP ou UFRJ, as provas do ENEM são impressas pela Gráfica RRDonelley, uma empresa privada com sede no Rio de Janeiro. Mais coisa: dentro do INEP há uma senhora chamada Gisele Gama, consultora da autarquia e da Abaquar Editores Associados, uma escola de cursos on-line. É muita gente para guardar um segredo.
É comum professores pegarem questões em livros, apostilas e vestibulares, ENEM, olimpíadas de matemática etc. para elaborarem suas provas, mas parece que o processo está se invertendo. Mesmo saltando de R$ 145, 1 milhões, em 2009, para R$ 238,5 milhões este ano os custos do ENEM, saltando de R$ 39,00/aluno, para R$ 45,00/aluno e contando com toda essa maquinaria estatal e pública por trás, ao que parece os elaboradores das provas piratearam questões elaboradas pelo Colégio Christus, de Fortaleza, e furtaram 14 questões. O noticiário e o ministro inepto tentam inverter as coisas, dando a entender que o Colégio foi quem adiantou as questões, mas, ao que consta, as ditas questões estavam em simulados do ano passado que o colégio ministrou aos seus alunos. Estamos pagando muito para toda essa multidão aproveitar-se do trabalho de professores de um colégio, como se fossem os profissionais fortalezenses os bandidos desse novo capítulo do livro de inoperância, desonestidade e despreparo do atual ministros, seus assessores, seus consultores e quem mais estiver envolvido no processo.
©Marcos Pontes
Marcos, que absurdo! É a cara da desonra..da falta de caráter. As questões são do ano passado e a comissão técnica (incompetente) pirateou o colégio Christus - trabalho de professores dedicados e com boa qualidade técnica - e agora a culpa é do colégio? Como assim? é simples: uma questão de autoria...se estava nos cadernos do ano passado quem roubou foi o EStado, pra variar! Alguém precisa calar esses bandidos...não tá certo que professores e alunos se calem!!!
ResponderExcluirMas é aquela velha máxima Marcos: onde essa corja põe a mão, tudo se deteriora. Até a poderosa Associação dos Engenheiros da Petrobras foi destroçada pelos sindicalistas que controlam a empresa agora.
ResponderExcluirAlém de todas essas barbaridades, fiquei pasma com o critério de correção que falaram na TV. É um absurdo o corretor "imaginar"o q o aluno gostaria de dizer com "aquelas palavras". Vc , que é professor, faz isso? #Caspite
ResponderExcluirMarcos e a história que um órgão da imprensa noticiou o tema da redação, uma hora antes do término da prova? É boato? AH, eu até pensei, qual será o imbróglio do Enem desse ano, logo que vi as campanhas publicitárias dele. Mas, pior que essa canalhice, incompetência e ingerência, é os alunos não poderem usar lápis p/ os rascunhos dos cálculos matemáticos, ou mesmo, o rascunho da redação, com a desculpa esdrúxula de que seria por questão de segurança... vá entender...
ResponderExcluirCARÍSSIMO MARCOS
ResponderExcluirTIRANDO A CARTILHA, PARECE PRAXE DOS VERMELHOS COPIAREM DOS COMPETENTES O QUE É BOM E TRANSFORMAREM NO PIOR AMEAÇANDO OS QUE NÃO CONCORDAM COM CORTE DE VERBAS PARA QUE, OBRIGATORIAMENTE, SIGAM SUA LINHA DE CONDUTA.
MAIS UMA VEZ SENTIMOS QUE OS VAZAMENTOS CORRIQUEIROS NÃO PASSAM DE PALANQUE ELEITOREIRO PARA MONTAR UM ALTO ÍNDICE DE APROVAÇÃO.
"BRASIL DE POUCOS, BRASIL DE TUDO"
Marisa Cruz
Decepcionada mais uma vez com esse Governo. E tanta barbaridade! Justo com a Educação que deveria ser uma prioridade, também ocorrem esses absurdos. Todo ano vemos esses deslizes no Enem.
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