Charge do amigo Fusca_Brasil
Você liga para uma clínica para marcar uma consulta e ouvirá a indefectível pergunta, sem qualquer constrangimento da secretária: “particular ou convênio?”. Entenda-se por convênio SUS, planos públicos de previdência dos serventuários ou planos de empresas privadas, e por particular as consultas que serão pagas na bucha, em cash, mas, ao contrário das sapatarias, não lhe será oferecido “10% de desconto à vista”.
Independentemente do cidadão ter ou não um plano privado de saúde, ele já deu parte do seu salário e de seus impostos diretos, para a saúde. Ou melhor, para o sistema público de saúde. O funcionário público que tem direito a um sistema de previdência médica para sua categoria, paga duas vezes: uma para a União, outra para sua unidade federativa. Há ainda os funcionários públicos que, além da previdência estadual, por garantia ou medo, paga também um plano privado, afinal de contas está no Brasil e tem que se cercar o azar pelos sete lados, nunca se sabe. Este, não o diabo, mas o funcionário, paga três vezes pelo mesmo serviço e ainda assim não tem a certeza de que será bem atendido.
A Constituição Federal prevê a descentralização da saúde, com maior participação dos estados e municípios, conhecedores de seus problemas, portanto, mais próximos de resolvê-los. Isso tem dado, a despeito dos acidentes de percurso e erros grosseiros que vez por outra tomamos conhecimento pelos jornais, bons resultados. Porém, dada a má gestão, os desvios de recursos, o despreparo de pessoal por parte dos municípios e o descaso de boa parte dos prefeitos, ainda há muito a se fazer. Em se tratando de verbas, esta está garantida através dos impostos cobrados nas três áreas. Em cidades em que a saúde foi municipalizada, o funcionário público tem seu plano e este mesmo funcionário tem plano privado, ele paga quatro vezes para ser assistido. Vez por outra, mormente em emergências, este ou aquele hospital não tem convênio com plano público e nem com aquele privado pago religiosamente a cada mês, o que leva o cidadão a pagar pela quinta vez.
Via de regra, quem tem plano privado não utiliza o sistema público, mas paga por ele. São 35 milhões de brasileiros nessa seara. Trinta e cinco milhões de cidadãos que desafogam os hospitais e postos de saúde públicos, mas que ajudam com seus impostos a manterem-nos funcionando.
A própria presidente falou em má gestão dos recursos destinado à área, mas, no mesmo instante, dá uma de pitonisa e afirma, vos firme de general, que os próprios brasileiros pedirão por um novo imposto. Ora, se há má gestão, o nó não está na falta de dinheiro, mas em seu mau uso. E isso qualquer cidadão minimamente esclarecido sabe desde sua mais tenra infância.
A Copa custará, segundo previsões, R$ 122 bilhões, quase três vezes os R$ 43 bilhões desejados pelo ministro Padilha. Ou seja, a Copa pagaria 3 anos de saúde pública. A presidente descobriu que o maior beneficiário da Copa será a Fifa, que tem orçamento maior do que o Uruguai, mas precisa de dinheiro do erário para engordar suas burras. A Olimpíada, de quem pouca gente fala, quase ninguém sabe quanto custará, provavelmente levará mais uns três anos de dinheiro, comparando-se aos 43 bilhões do Padilha. Só nessas duas competições estamos jogando pelo ralo seis anos de assistência aos quase 200 milhões de brasileiros.
Não resta dinheiro para se fazerem obras em cuba, Bolívia, Paraguai, Venezuela, para anistiar dívidas de países africanos, para ajudar a rica Europa, como promete Mantega, mas falta para manter vivos os brasileiros.
Existe dinheiro previsto no orçamento para essas farras internacionais?
Em 2006 o Brasil “investiu” US$ 32 bilhões no exterior e teve apenas US$ 10 bilhões de estrangeiros aqui dentro. Pior, desses US$ 32 bilhões, US$ 18 bilhões foram para paraísos fiscais. Estes total de dinheiro nosso mandado para fora tem aumentado de ano para ano, mas se pegarmos apenas o montante de 2006, ao câmbio de hoje seria algo em torno de R$ 56 bilhões, mais do que um ano pelos números desejados pelo ministro.
Somando-se Copa, Olimpíada e “investimentos” brasileiros no exterior, apenas no ano de 2006, já temos 7 anos de saúde jogados ao vento.
A Fundação Getúlio Vargas estima que entre 2002 e 2008 – esse período lhe diz alguma coisa, nobre leitor? -, foram desviados R$ 40 bilhões dos cofres público, e aí teríamos o oitavo ano de financiamento para a saúde. Já estamos em quase uma década de assistência pública sem a necessidade de qualquer imposto, apenas fechando as torneiras desonestas e priorizando o que deveria ser priorizado.
Esporte é saúde, diriam os professores de educação física e os programinhas de auto ajuda da televisão brasileira, mas 200 bilhões de reais para a saúde de 10 mi, atletas estrangeiros é um custo/benefício nada saudável para o país.
©Marcos Pontes
Com todos esses argumentos verídicos e bem pontuados, só nos resta FAZER MUITO BARULHO contra
ResponderExcluira famigerada e inconstitucional CPMF (CSS) que, de maneira nenhuma, voltará a pedido do povo, ainda que governadores venham a fazer lobby o nosso terá que ser MAIOR.
VERGONHA BRASIL, VERGONHA NA CARA!
Excelente resumo, explicando por A + B qual é o problema no Brasil de Lulla. Além de degradarem o sistema de saúde - assim como a educação, a segurança e as instituições - até níveis insuportáveis, utilizam essa situação como argumento para chantagear o povo para empurrar mais impostos.
ResponderExcluirExcelente texto Marcos! Você foi de um extremo ao outro extremo. À saúde do Brasil está entregue a Deus dará. Sou profissional da área, ou melhor, sou profissional da área e me especializando na área da saúde da mulher. Justamente à mulher que é usada pela Presidenta como um troféu, que à mulher merece toda à atenção e tem que ser valorizada e isso e aquilo. Pura lorota, veja só, Papanicolau, exame simples, que não custa muita coisa aos cofres públicos. Ao invés de aumentar a sua frequência, está é decaindo à cada ano que passa. Não sei ao certo o motivo, mas os locais públicos que realizavam tal exame, está deixando de ser realizar. Isso porque a Dilma ovaciona à mulher.
ResponderExcluirEsse tema é fundamental e foi a preocupação número UM do então candidato José Serra, como é também o tema mais abordado pelo Senador Álvaro Dias, que já tentou criar uma CPI para investigar esses desvios bilionários.
ResponderExcluirO eleitor brasileiro votou no Itaquerão, no cartão de crédito, nas piadinhas de baixo nível, coisas de quem acredita que nunca ficará doente.
É o país do OBA-OBA!
"A árvore da liberdade deve ser regada de quando em quando com o sangue dos patriotas e dos tiranos. É o seu adubo natural."(Thomas Jeferson). Essa nação está anestesiada, como o refrão do hino nacional já diz: "Deitado eternamente em berço esplêndido" :-(
ResponderExcluirO que me deixa ofendida de morte é ver a propaganda com mentira deslavada do governo apoiado pelos espertos marketeiros que mostram hospitais impecavelmente limpos, eficientes com crianças felizes e enfermeiras bondosas. Diuma fez isso, Cabral também. Vendem em seus comerciais do Poder, imagens idealizadas como aquelas que fizeram do Rio para concorrer às olimpíadas. As favelas foram banidas das imagens, tudo só beleza. Aqui em baixo, esgoto a céu aberto, guerra do tráfico.
ResponderExcluirE tentam vender o futuro... grande golpe! Propaganda enganosa?
Saúde? Ora, estão se lixando pro povo, lembra?
Não acredito em mais nada. Tudo que vem da Ptralha é pura e vergonhosa mentira.
Perfeita a sua análise, meu amigo. Irretocável.Seu artigo deveria sair em todos os jornais e revistas do Brasil.Tenho vontade de enviá-la para a corajosa Veja.Você desmascarou a eleita, o ex e toda a cúpula desse governo ganancioso.
ResponderExcluirMais uma vez, parabéns.
Voltando, porque a cada minuto a INDIGNAÇÃO bate a porta da alma e há um estrilo de fazer tremer a lógica e racionalidade. Como? O POVO PEDIR PARA TER MAIS IMPOSTO? Dona Dilma não sabe que já se lá vão 5 meses dos nossos salários para bancar todos e muito mais tipos de PROJETO INCOMPETENTE DO GOVERNO NESSES 9 ANOS? É UMA AUDÄCIA ÍMPAR FALAR TAL DESCALABRO.
ResponderExcluirOlha, nos últimos meses, com as dificuldades de saúde minha irmã, eu virei o secretário dela e de minha mãe para marcar as consultas e chega a ser irritante a classificação social impostas por médicos e hospitais com essa pergunta. Últimamente eles não tem perguntado se é particular ou convênio e sim se é "CONVÊNIO ou SUS".
ResponderExcluirSe for SUS a consultas demoram três vezes mais para serem marcadas.
Outro dia ao ouvir a pergunta, respondi - Convênio. A consulta foi marcada para um prazo inferior a uma semana. No dia da consulta fui obrigado a ouvir que aquele dia era reservado só para particulares. O mesmo médico, no mesmo hospital. Só que pasme, o médico estava atendendo na área reservada ao SUS. Até isso tem, se for SUS, entra-se pela entrada de serviço.
Muito bem elaborado seu artigo. Parabéns!
ResponderExcluirJosé Raimundo
Feira de Santana, Bahia.
Só um porém: SUS não marca consulta em consultórios... somente convênios particulares e consultas pagas pelo usuário, aliás, pelos convênios tá demorando meses p/ conseguir, já "particular" (pagando o valor da consulta no ato que é bem maior do que os convênios pagam aos profissionais médicos) é 'prá já"!!!
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