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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Pipoca geral

As denúncias pipocam diariamente não só contra os membros do governo federal, mas em todas as instâncias do poder público; não só contra membros dos Executivos, mas, também, contra legisladores, juízes, promotores, delegados e promotores; não só contra componentes da esfera oficial, também contra as pseudo Organizações Não Governamentais que não dão um passo sem mamar nas tetas da viúva. Na ciranda de desmandos quem deveria investigar, coibir, fiscalizar e punir também pipoca, no terceiro sentido do termo.

Qualquer vendedor de laranjas em portão de estádio sabe que enquanto as leis forem frouxas e os órgãos fiscalizadores forem inócuos, incompetentes, aparelhados politicamente e covardes a roubalheira continuará. Os responsáveis pela feitura de leis e os responsáveis por fazerem-nas cumprir, porém, fazem de conta que não sabem e arrumam as mais esdrúxulas desculpas para na fazerem direito seu dever.

Somos o país do “deixa pra lá”.

O governador está comprando deputados? Ah, deixa pra lá.

A presidente está colocando incompetentes e ímprobos para gerenciar as estatais? Deixa pra lá.

Copa e Olimpíada estão superfaturadas e as negociatas para desviarem recursos públicos grassam de norte a sul? Deixa pra lá, o importante é que haja circo.

O povo não se manifesta, não vais às ruas, não protesta, não cobra de seus parlamentares? Dá um trabalho... Melhor deixar pra lá.

E aí, quando precisa de uma certidão, um exame médico, um remédio na farmácia do SUS e é mal atendido, deixa pra lá ou reclama na mesa do boteco como se o português do balcão fosse resolver seus problemas. O povo e o português do balcão deixam pra lá.

Deixando pra lá nos transformamos no país da barrigada. Cada um deixa a pança crescer para empurrar para o vizinho as questões que o afligem. O velho escapismo.

Nesse joguinho de empurra, a culpa é sempre do outro.

Se o guarda multa porque se atravessou o sinal vermelho, a culpa é do guarda que estava de tocaia; se o aluno tira nota baixa, a culpa é do professor; se a chuvarada alaga a cidade, a culpa é da prefeitura que não limpa os bueiros entochados do lixo atirado nas ruas pelo seu vizinho, a culpa é dele, você não faz isso; se o político assalta o erário, a culpa também é do vizinho que o elegeu, você só vota nos bons; se seu time joga mal e perde o jogo, a culpa é do juiz...

Na hora de assumir as próprias culpas ou de não cobrar devidamente o cumprimento das leis ou a confecção de leis mais duras contra todas as bandidagens, a culpa é sempre da passividade alheia. Chega a ser engraçado ver os legisladores culparem as leis, como se fossem outros e não eles os eleitos para legislarem.

Nessa pipoca geral a impotência individual nos faz deixar pra lá.

 

©Marcos Pontes

8 comentários:

  1. No Brasil lamentávelmente a honestidade é um conceito, e como tal, não podemos de modo algum fazer juízo de valor seja lá de quem for, pois isso é cultural, e como conceito, nossos políticos são honestos, fazendo apenas seu trabalho como parlamentar, "desemperrando" a máquina administrativa; Sendo assim, conceitualmente, o que fazem não é corrupção, e vemos isso em todos os seguimentos de nossa sociedade. O pai que junto ao filho lhe mostra o que se deve fazer com o "bandido" desonesto, que rouba-nos o suado dinheiro, e que no entanto não se limita quando lhe é possível roubar da empresa onde trabalha, mesmo que seja apenas um clip de papel, é sempre o outro que rouba e que é desonesto.

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  2. A sensação de impotência é dolorosa. Alguém escreveu hoje no twetter (acho que foi o Eduardo Homem) que ele é membro do exército de Brancaleone. Também me considero assim. Dá ódio olhar pro lado e não ver os canalhas da oposição, que deveriam ser os mentores do combate ao que aí está, duelando apenas para se manterem vivos em seu mesquinho egocentrismo.

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  3. Na mosca. Ou melhor, nas moscas (que infectam o apodrecido sistema governamental brasileiro). Pelo voto uma sociedade avança, ou regride. O contexto e as circunstâncias atuais resultam do votar descompromissado, irresponsável, corrompido.

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  4. Muito pertinente o artigo. E não podemos perder a visão histórica do problema. Com a chegada ao Poder Central da Corja lulopetista, os valores começaram a ser sistematicamente demolidos. Não era assim. Não que o Brasil não tivesse problemas, mas o objetivo de todos era saná-los. Tanto é que a bandida Jorgina, fraudadora de mais de R$ 300 milhões do INSS, foi presa nos anos 90, e agora graças às Leis de Lulla, teve direito a reduções de pena e já está em liberdade condicional, pois recebeu cargo de confiança em estatal do Governo Petralha do Rio de Janeiro! Isto não existe em lugar nenhum do mundo nem jamais existiu antes do regime petralha no Brasil.

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  5. CARÍSSIMO

    SEMPRE PRECISO NOS TEXTOS COLOCANDO O DEDO NA FERIDA PARA MEXER COM A CONSCIÊNCIA DE TODOS E SEU PAPEL DE CIDADÃO NESTE PAÍS!!!

    COMO RESOLVEMOS ADOTAR A CAUSA "NADA DE DEIXAR PARA LÁ" VAMOS CONTINUAR NOSSA CAMINHADA EM BUSCA DE UM BRASIL DECENTE QUE É DA GENTE!!!

    Marisa Cruz

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  6. Falta comprometimento, na verdade é covardia disfarçada de malandragem.
    Copiando o amigo Fusca, a Lei de Gerson era travessura infantil se compararmos com os estragos provocados pelas Leis de Lulla.

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  7. De fato é necessária uma reforma que enxugue o Estado dando mais eficiência a ele na prestação de seus serviços e mais transparência na realocação dos recursos. Também é necessário conscientizar a população para que não vote em políticos corruptos, o que este blog está fazendo muito bem. Assim poderemos sonhar com um horizonte de menos corrupção e mais respeito aos recursos arrancados do cidadão brasileiro.

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