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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Quem quer um pai?

brazil1b

A grita é geral, de um lado quem quer mudanças, de outro quem quer que as coisas continuem como está para não perder as boquinhas e tetas, alguns outros desejam mudanças justamente por não terem lhes restado boquinhas e tetas por não beijarem as mãos certas, não terem capacidade para a aprovação num concurso público ou porque o padrinho político não cumpriu a promessa de arrumar uma colocação em alguma repartição... Nem adianta nos fazermos de desavisados, ofendidos ou ufanista de que nosso povo é bom, honesto e esforçado.

Não haverão mudanças enquanto mantivermos a cultura da “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Somos viciados nisso desde os tempos de Cabral.

Colocaram em nossas cabeças que o Estado deve resolver todos os problemas. Como os problemas vão se avolumando de era para era, mais empurramos para o Estado a resolução de todas as mazelas da vida na vida de cada um.

Autoridade virou “excelência” por vontade e imposição delas mesmas. Como simples mortais e pobres cidadãos ousam querer tratamento igual aos próceres da sociedade, aos abnegados que gerenciam nossas vidas, dando-nos saúde, educação, alimentação, transporte e moradia sem que tenhamos que fazer mais do que depositar parte de nossos vencimentos na conta dos governos? Ou melhor, dos governos. Prefeito, governador e presidente, vereadores, deputados estaduais e deputados federais, senadores, ministros, secretários e seus assessores trabalham diuturnamente em nosso favor. É natural que sejam tratados com deferência e genuflexão pela ingrata multidão ignara.

E nós acatamos.

Assim fomos educados por saeculum, seculorum, amém.

Nos viciaram em esperar tudo do Estado e por ser o estado o todo poderoso que põe pão na mesa de uns e circo na vida de todos, surgiu a aspiração de subir no picadeiro. Via de regra, qual é o emprego aspirado pela maioria dos brasileiros? Resposta evidente: passar num concurso público, seja qual for, e passar a ser uma insubstituível peça na engrenagem estatal, só sendo trocada quando rachar em serviço, por estafa ou mau funcionamento comprovadamente danoso à máquina, ou por aposentadoria.

Se não entrar pelas portas nobres do meritocrático concurso, que o seja pela janela dos cargos comissionados ou pela votação, o que importa é estar junto daqueles que decidem em nome de todos e aos que não estão na engrenagem, oleada ou areada, como está hoje, que receba as migalhas que suas excelências resolverem dar como “cala a boca”.

Mas ainda há uma esperança, caso não seja capaz de aprovação por concurso, não tenha apadrinhamento político ou seja ruim de voto: as bolsas.

Para manter-se como o paladino, ou Hobin Hood envergando colarinho branco, os governantes premiam os incompetentes, os alijados da ascensão social pela educação, os criminosos com filho menor, em nome da justiça social, com bolsas sem contrapartida, com dinheiro a fundo perdido.

É justo um engenheiro receber ajuda estatal por cinco meses, em caso de demissão? Sim, claro. Cinco meses são tempo suficiente, na atual fase risonha da economia, para o capacitado profissional conseguir nova fonte de renda. Mas é justo um presidiário receber ajuda financeira pelo tempo em que ficar detido? Pior, uma quantia maior do que a de muitos profissionais graduados?

Ah, diriam os defensores da bolsa-cadeia, mas sua família, mulher e filhos, ficarão desassistidos? O que farão eles, roubarão também para poder viver? Ora, quem não conhece um pobre analfabeto que ganha a vida entregando jornais, engraxando sapatos, carregando estivas, lavando roupas, fazendo faxina, capinando quintais, lavando carros, misturando cimento...? Desde quando trabalhar para viver é castigo enquanto esmolar é virtude? É justo que todas as potenciais vítimas de um latrocida, a sociedade, paguem pelo bem estar de sua família?

Permitir a entrada de mais pobres à universidade público é justiça social? Claro que é, pobres devem ter as mesmas oportunidades que os ricos. Mas é justo tirar a vaga de um adolescente que contou com investimentos, muitas vezes à base de sacrifícios, de seus pais por toda uma vida só pelo fato de não ter estudado numa das arruinadas escolas públicas de ensino básico? Como esperar que um cidadão que tem seus direitos à igualdade assegurado por um estado que discrimina quem tem mais méritos seja justo com as gerações seguintes?

É saudável imaginar que discriminar concidadãos é educar as novas gerações para um futuro justo?

Pagaremos caro pela manutenção dessa mentalidade que o estado tem o direito de resolver nossas vidas à nossa revelia. O futuro nos condenará a mais anos de atraso, a curto prazo, por criarmos cidadãos em classes diferentes, “castas democráticas”. Nos arrependeremos amargamente, dia após dia, por não nos permitirmos mudar essa prática passiva de bom cabrito que não berra.

©Marcos Pontes

7 comentários:

  1. O maior problema meu amigo Marcos é os sábios governantes quererem alterar os processos de seleção naturais existentes desde o big bang por força de decretos e programas. Acabam criando novas e mais revoltadas "categorias".

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  2. CARÍSSIMO

    Minha frase de hoje: " Muitos acreditam que podem tudo. Outros acham que podem menos. Mas no frigir dos ovos os que se sentem apequenados hoje sairão Vitoriosos amanhã."
    Se colocada no seu texto parecerá que estou a favor das castas produzidas por este governo.
    Se for colocada junto a sua última frase comprova que não devemos desistir em sermos Timoneiros desta Nau chamada Brasil que navega em águas turvas e mal cheirosas.

    Marisa Cruz

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  3. Lendo seu sábio texto me deu vontade de chorar, mais também uma alegria imensa. Percebi nesse minuto que meus amados pais, tios maternos e paternos e quase toda a minha família pertenceu ou pertence a essa categoria dos "desprivilegiados", são pessoas que passaram ao lado dessa doença chamado concurso público, bolsas disso ou daquilo, esperando que de alguma forma alguém resolveria nossas vidas, pra não dizer que somos "páreas " rsss, depende-se do SUS. Mas saímos pela vida e tanto os que estudaram e não foram poucos, como o que fizeram a faculdade da vida, rasgaram o mundo no peito e estão ai de cabeça erguida e lutando. E se indignam de ver essa choradeira essa lambança que virou nossa sociedade é isso mesmo, lambança! Se de um lado o Governo ao longos dos anos colocou sal no coxo e água fresquinha, por outro lado, o gado tem preguiça de sair mesmo com as porteiras abertas. Estão viciados como diz voce, e se tornaram tão mercenários quanto os dono do sal.

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  4. Caro Marcos

    Há poucos dias comentei que Comunismo, Capitalismo, Democracia ou Socialismo jamais fizeram parte da nossa História. Nossa Política Histórica foi o Paternalismo, quizas porque o Reino Português foi o último a ter "déspotas escflarecidos", se é que os teve. Quem leu 1822 há de entender.
    Estamos atrasados politicamente 100 anos e economicamente "up to date". Ou diminuimos essa distância ou o "atraso político" comerá ainda por muito tempo "nossas tentativas de avanço econômico".
    Somos a "vanguarda do atraso" junto com nossos coírmãos latinoamericanos.

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  5. Muito bom, muito bom...paternalismo jamais! Falta Pai! Pai que mostra o limite, conduz com lei..bota ordem...somos todos macunaímas chorões, perdidos...carentes...choramingas. É mundial! Não é só no Brasil. O mundo virou um imenso jardim de infância coalhado de ególatras narcísicos esmolando amor, comida, cuidados......que tédio horroroso.

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  6. É meu amigo infelismente a bola da vez está com o time da mediocridade que com um espectro de comunismo atrasado quer impor seu dna impotente
    e ineficaz a um povo cheio de sonhos e ansioso
    por encontrar um caminho de paz e progresso sem ao menos se ater ao precipicio em que está sendo conduzido por valas cheias de espinhos e escombros.

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  7. Todos os governos desse mundo estão passando pelo crivo do caráter. Estamos vendo a olhos nús a derrocada de tantos quanto querem fazer valer suas intenções subliminares. Mas, a fim de tudo o processo não coroará aqueles que trabalharem contra os órfãos (até de pais vivos), as viúvas (até as que convivem com os ditos maridos) e com os miseráveis, porque desses o próprio DEUS DA VIDA cuida e mostrará sua intervenção a cada dia.
    Aliás, estamos presenciando que tudo que permanecia escondido está às claras, sobre a laje para que todo olho veja e toda boca anuncie a VERDADE E A JUSTIÇA.

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