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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Novo capitalismo, sim; socialismo, não

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Longe de mim os radicais do Occupy que pregam o fim do capitalismo, mas em algo o movimento tem razão: é premente uma atualização do capitalismo.

Assim como nas marchas brasileiras contra a corrupção, os líderes do Occupy ainda estão escondidos, mas chegará a hora em que mostrarão suas caras, provavelmente travestidos de salvadores da pátria. Na Itália, protestos terminaram em violência e as lideranças já foram identificadas como partidários da extrema esquerda, o que leva à constatação do que antes era desconfiança global. Enquanto isso não ocorre por aqui e em Nova Iorque, façamos nossos movimentos, mas sempre de olho no gato.

“You may say i’m a dreamer”, copio John Lenon, mas se é para sonhar, que se sonhe alto. Pensemos como advogado que pede indenização para seu cliente: peçamos alto, bem mais alto do que sabemos que podemos conseguir, assim podemos chegar aonde queremos.

Reestruturar o capitalismo começaria reduzindo a especulação e para reduzir a especulação, começa-se dando uma sacudida geral nas bolsas de valores e no tráfego de dinheiro entre os países.

A cada mês o governo brasileiro, para usar como exemplo uma realidade ao lado da nossa casa, comemora o recorde da entrada de dólares. E de onde vem essa montanha de dinheiro? Estamos exportando tanto assim? E mais, com superávit tão alto em relação às importações a ponto da balança comercial ser sempre em nosso favor? Em parte, sim, mas um enorme naco dessa dinheirama é especulativa e virtual.

Com a Vale valorizando-se, passando a ser o maior exportador do país, embora esteja mandando commodities, é de se esperar que quem tenha dinheiro sobrando lá fora, jogue para cá num toque de botão. Não há dinheiro real. Este dinheiro leva um tempo para ser enviado em espécie, mas fica valendo o contrato feito por meio dos operadores da bolsa. Ao comprar ações, o investidor passa a ser sócio da empresa e tem direito a parte de seus lucros. Mas isso serve apenas para os pequenos investidores e para os enormes, aqueles que desejam deveras serem donos da Vale. Os médios são especuladores. No primeiro espirro do presidente da empresa, os especuladores correm como pombos que veem gato. Esta é a razão da existência das bolsas de valores.

A dona de casa ou o assalariado brasileiro quando têm uma graninha sobrando, guarda-o na caderneta de poupança e fica sonhando com as férias de dezembro, o carro novo ou a reforma da casa. Nos Estados Unidos eles investem em ações e fazem seu pé de meia de olha na universidade dos filhos ou na aposentadoria tranqüila. Estes são, de fato, os acionistas. Em troca, recebem parte dos dividendos, feito o balanço anual da sociedade anônima.

A bolha e a injustiça nesse sistema está no fato dos executivos, muitos deles jamais possuidores de ações da companhia que dirigem, receberem gratificações de seis ou sete dígitos ao final do ano. Muito justo que quem faz bom trabalho receba boas remunerações, a isto chama-se meritocracia, mas não é justo que estes executivos recebam dividendos absurdamente maiores do que aqueles que colocam sua poupança numa empresa por toda a vida. É mais ou menos como o que vemos na Saúde brasileira. O cidadão paga uma vida parte de seu salário para ter direito a atendimento “gratuito” no Sistema Único de Saúde, enquanto que os gestores do Sistema podem contar com o serviço cinco estrelas dos grandes hospitais particulares, também pagos com os impostos recolhidos do trabalhadorzinho que grama nos corredores do SUS.

Fui desavisado a falar no dito “apartheid” econômico que sofre a África, como se isso fosse fato novo. O termo apartheid voltou à voga, assim como “demanda”, repetida exaustivamente por jogadores de futebol, socialistas, CEO de grandes corporações e politicozinhos e zões mundo a fora.

Na reestruturação mundial pós-segunda guerra mundial, o globo foi loteado: A Europa ficava com os automóveis, os Estados Unidos ficavam com as tecnologias de ponta e a Ásia capitalista com a manufatura barata dos equipamentos exportados pelos americanos. Com o avanço da tecnologia das comunicações, o norte da Europa ficou com a telefonia, bancos interligaram-se e o tráfego de dinheiro, comandado pela Inglaterra e a Suíça, popularizou o cartão de crédito.

Todos estabelecidos, cada macaco no seu galho, a Volkswagen e a Fiat terceirizaram suas plantas para o submundo, Brasil e México, os Estados Unidos ocuparam Brasil, Argentina e Índia com a produção dos alimentos que suas multinacionais encarregaram-se de espalhar pelo mundo. Quem tinha o capital comandava o mercado, e ainda comanda. A África, com um déficit catastrófico de educação ficou como reserva. Além de diamantes e petróleo, o que mais o continente tinha a oferecer?

No governo anterior, Lula saiu pelo mundo, contraditoriamente como é seu caráter camaleônico, espalhando que o biocombustível brasileiro seria a nova fronteira mundial, mas que também éramos autossuficientes em petróleo e havíamos descoberto a maior reserva mundial de petróleo na camada submarinha do préssal. O primeiro a levantar-se protestando contra o biocombustível foi seu amiguinho de cama e mesa, Hugo Chávez.

Gastando o que tinha e o que não tinha em armamentos para a manutenção de seu status de líder supremo e eterno, a reencarnação de Deus, Chávez protestou bravamente. Se o etanol brasileiro emplaca no mundo, quem cobraria o petróleo venezuelano?

Na carona do discurso de Lula, países africanos também partiram para a produção de etanol. Se não me enganaram meus professores de química, qualquer vegetal pode ser matéria prima de alcoóis, uns mais, outros menos; uns mais baratos que outros; uns em maior octanagem do que outros. A Costa do Marfim explora o coco.

O contrário também valeu. Se o Brasil freou o ímpeto em ser a nova matriz de combustíveis e energia para satisfazer o desejo de Chávez e todas as outras corporações que, muito provavelmente, fizeram pressão para que Lula deixasse de lado esses sonhos megalômanos, mas possíveis, os países africanos ficaram sem pai nem mãe no processo. Sem o aval de quem tem o capital, a África não anda. A coisa piorou agora que está todo mundo, a começar pelos ricos, a contar as “nicas” que lhes restaram nos bolsos. Se não estão conseguindo tirar os próprios pés da lama, mesmo porque dentro de seus próprios países há quem esteja ganhando tanto dinheiro com a crise que faz de tudo para que ela não acabe, como esperar que socorram os paupérrimos sul-equatorianos, como África, Haiti e circundantes?

Reformar o capitalismo, o que seria de muito bom alvitre, não significa destruí-lo, como pregam os mais exaltados porta-vozes das manifestações dos insatisfeitos mundiais. Reformar o capitalismo adoecido e velho não é ressuscitar o mal cheiroso comunismo que envelheceu, apodreceu e se corrompeu primeiro.

 

©Marcos Pontes

domingo, 16 de outubro de 2011

Rápido que o roubo não para!

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Para que seja bom no que ofício de escritor o sujeito tem que ser, antes de qualquer coisa, original. Cair no lugar comum, encher seus escritos de clichês e falar o mesmo que todos os outros, escritores ou não, falam é condenar-se à vala da hipocrisia. Não por ser um bom escritor, mas por conhecer essa lição primordial, procuro desviar-me do foco das discussões em voga para buscar um caminho próprio, numa análise própria, sob uma óptica pessoal e não coletiva, missão às vezes impossível, daí é preferível não escrever do que repetir aquilo que tanta gente já falou antes.

Este é o principal motivo pelo qual deixo de escrever sobre assunto que viraram notícia como a viagem turística da presidente à terra de seu pai, algo que ela nunca fizera antes, aproveitando-se agora do avião presidencial e do cartão corporativo para fazer; ou a crescente subida do número de assassinatos e a diminuição da pobreza, tão cantada e decantada pelo governo/PT, demonstrando que não necessariamente a miséria seja mãe da violência; ou o movimento Occupy que vem alastrando-se pelo mundo com nomes diferentes de país para país, mas com o mesmo propósito de desestabilizar as instituições capitalistas para se criar um novo regime esquerdista e que pega os desavisados incolores como se fosse a redenção mundial um esquerdismo comprovadamente ineficaz na luta contra as desigualdades sociais, como comprovaram a União Soviética, Coreia do Norte, China, Albânia e Cuba. Muitos são os temas que ocupam páginas e páginas de jornais e telas e telas internéticas que ignoro neste blog por já ter gente demais falando besteiras ou repetindo releases das assessorias de imprensa como se fossem idéias originais.

Ontem o assunto palpitante foi o flagrante do ministro dos esportes recebendo propina no estacionamento do próprio ministério. De acordo com as normas vigentes de que ninguém mais é culpado, no máximo “suspeito”, mesmo quando um bandido confessa seus crimes, a imprensa fala em “suposto” esquema de corrupção na pasta, tema já requentado desde a atuação de Agnelo Queiroz, antecessor de Orlando Silva, hoje governador do Distrito Federal. Silva é casado com uma senhora que tem uma ONG, o mais novo caminho descoberto pelos bandidos enfraldados nas cercanias do poder central, que recebeu grana do ministério do marido para fazer nada. Pega no salto, a senhora, fantasiada de digna, devolveu o dinheiro. Quanto mais não saiu das burras da viúva para as algibeiras do casal sem que alguém desse por conta?

Depois da queda do último ministro, propus um bolão no Twitter sobre qual seria o próximo a cair. Antes da queda do ministro do turismo chutei na queda de Orlando Silva. Voltei atrás e o substituí por Lupi. Até o momento os dois continums firmes, mas eis que chega a notícia de que em janeiro, escondida pelas férias, todo mundo ressaqueado com o champanhe das festas e de olhos nas bundinhas de biquíni nas praias, a presidente fará uma reforma ministerial. Será aí que Lupi, Negromonte e Silva ruirão? Terão eles poder político e financeiro para comprarem suas permanências no ministério? As marchas contra a corrupção lembrarão de pedir suas cabeças em bandejas de plástico descartáveis por serem carne de segunda indigna de macularem baixelas de prata?

Articulistas têm que ser rápidos. Se deixarem de comentar um caso de escândalo no governo correm o risco de ficarem com velharias na gaveta porque no dia seguinte outra autoridade aparecerá com um caso maior de sem vergonhice, desvio de dinheiro e de conduta e escárnio contra a população e a justiça conivente.

©Marcos Pontes

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Liberdade, abre as asas sobre nós

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Algo que deveria ser aplaudido por toda a população, mesmo por aqueles que não fizeram parte ativa, as marchas contra a corrupção são desvirtuadas por gente que não tem interesse que a situação mude, geram polêmicas, incitam discórdias partidárias, elevam ânimos de mal intencionados, levam a ofensas e ameaças...
Diz o ditado popular que quando a criança é bonita todos querem ser pai, mas quando a criança é feia, ninguém quer ser padrasto. As marchas realizadas ontem tiveram menos adeptos em Brasília e no Rio, culpa, provavelmente, de um feriado para se dormir até tarde, pegar praia ou ir para o churrasco na casa do cunhado, por outro lado, houve um número maior de cidades participantes. Apartidárias, as marchas afastam aqueles partidos que fizeram história por meio de mobilizações nas ruas e praças, sempre pregando moralidade e levantando suas próprias bandeiras de únicos defensores da honestidade e da ética.

Desde o primeiro dia do governo de Lula seus partidários passaram a chamar qualquer opositor de golpistas. Era o único governo do planeta que não tinha oposição, mas golpistas, pecha popularizada pelos três blogueiros assalariados pela Petrobrás: Paulo Henrique Amorim, Luís Nassiff e Panúnzio. Como extensão, o título foi levado aos órgãos de imprensa, raríssimos, que não capitularam.

Desacostumados em serem vitrines, depois de quase três décadas na função de pedra, petistas e coligados não conseguem aceitar a censura, mesmo que muito bem calcada em fatos e análises, isentas ou não, a base de apoio da dupla Lula/Dilma retraiu-se diante do levante popular, ainda tímido, porém crescente.

Os chefes, ou capi, da base governista têm interesses muitos em se colocarem contra as marchas, já seus tão famosos militantes, povo sem vontade própria e sem qualquer análise, repete o que os cardeais petistas mandam. Desconfio que o partido tem alguns aspones com a função única de criar palavras de ordem e factóides a serem repetidos à exaustão, até virarem verdades, pela arraia miúda vermelha.

Para essa gente é inadmissível alguém abrir publicamente seu estandarte. Confundem a grita geral contra os desmandos políticos, financeiros e judiciais com o desejo de derrubar o governo, numa clara manifestação de ato falho. Se pedir o fim da corrupção e punição dos bandidos é o mesmo que pedir a derrubada do petismo, deduz-se que petismo e bandidagem são a mesma coisa para os próprios petistas. Ao se oporem às marchas achando que defendem seus mandantes, comprometem-se como cúmplices nas safadezas que um número cada vez maior de brasileiros condena.

No exterior surgem movimentos como a “primavera árabe” e Occupy, nada mais que manifestações esquerdistas derrubando, ou tentando, as estruturas capitalistas ou simplesmente instituições seculares para, em seu lugar, colocarem estruturas viciadas pelo marxismo ou suas interpretações mais radicais, e isso agrava a insatisfação do socialismo brasileiro ao ver seus concidadãos andarem em sentido oposto, defendendo a moralidade, a retomada da ordem econômico-ética-social.

A data já está marcada, 15 de novembro, 1220 aniversário da Proclamação da República, cujo refrão de seu hino canta “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós”. O brasileiro comum só conhece esses versos por conta de um samba de enredo de uma escola de samba carioca, enquanto que aqueles que um dia estudaram Educação Moral e Cívica bem sabem que a música de José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque (1867 – 1934) (letra) e Leopoldo Miguez (1850 - 1902) (música), são uma manifestação do mais íntimo, primário e necessário desejo do ser humano e este desejo é tolhido abrupta e criminosamente pela corrupção vigente como se fosse lei ser bandido e punível a honestidade.
 
©Marcos Pontes

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Reforma política e marchas

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Entre os vários e-mails com conteúdo político, este, às vésperas da movimentação nacional contra a corrupção, ou, pelo menos, em muitas cidades, me leva a uma resposta. Não concordo com todos os itens de reivindicações, em outros eu feria emendas. Em itálico estão minhas observações.

A Carta publicada no Globo

Por Gil Cordeiro Dias Ferreira

Que venha o novo referendo pelo desarmamento. Votarei NÃO, como da primeira vez, e quantas forem necessárias. Até que os Governos Federal, Estaduais e Municipais, cada qual em sua competência, revoguem as leis que protegem bandidos, desarmem-nos, prendam-nos, invistam nos sistemas penitenciários, impeçam a entrada ilegal de armas no País e entendam de uma vez por todas que NÃO lhe cabe desarmar cidadãos de bem.

Continuarei votando não em relação ao desarmamento para sempre. Não tenho arma em casa, jamais comprei uma, não tenho plano de fazer cursos e exames para ter direito a posse ou licença para portar arma de fogo, mas não admito a idéia de ver o estado se entendo em todos os campos de atividades e nas opções particulares dos cidadãos. Se armas deveriam ser deveram proibidas, assim como o tabaco, alvo de constante campanha contrárias dos governos, que fossem proibidas suas fabricações, de armas e cigarros. Mas nenhum governo tem peito de encarar a indústria e peita o indivíduo, a parte fraca da corda e que termina sendo punida. De um lado por não poder ter sua arma para defesa, se for essa sua intenção e se o fizer, estará sujeito à punição pelo próprio Estado; do outro, pela falta de política séria, organizada e inteligente – além de honesta – de política de segurança pública; em terceiro, pela própria vulnerabilidade, uma vez que a bandidagem das ruas sofre perdas esporádicas de seus armamentos e ao perder uma pistola compra duas carabinas.

Nesse ínterim, proponho que outras questões sejam inseridas no referendo:

·       Voto facultativo? SIM!

Tenho cá minhas dúvidas. Percebo que a maioria das pessoas com quem converso a respeito também defende o voto facultativo, minha análise, porém, vê no voto facultativo uma abertura para a compra devotos mais ampla, principalmente porque a fiscalização é precária.

O que levaria um cidadão sair da zona rural para votar nas sedes ou a ir à praia ou visitar os parentes no interior se lhe for tirada a obrigatoriedade de comparecer às urnas? As vantagens oferecidas pelos candidatos. Não são raras, ainda hoje, com voto facultativo e a fiscalização de olho, que ônibus, caminhões, vans e carros particulares tragam eleitores de áreas distantes para votarem. Os candidatos pegam os pobres em casa, pagam-lhes um lanche ou uma graninha, os levam à seções eleitorais e os levam de volta à casa. Isso porque o eleitor tem a obrigação de votar. Com o voto facultativo, ficaria em casa. Salvo se...

·       Apenas 2 Senadores por Estado? SIM!

Aprovo. A idéia de número ímpar de senadores é se evitar em patê nas votações. A justificativa seria válida se houvesse votos de consciência dos parlamentares, o que não ocorre. Os senadores costumam votar de acordo com a orientação das direções dos partidos, dos acordos políticos ou financeiros ou das ordens do Palácio do Planalto. Se os pesquisadores derem-se ao trabalho, perceberão que são raríssimas as ocasiões em que poderia haver empate em alguma votação. Por outro lado, 27 senadores a menos implicaria numa economia excepcional.

·       Reduzir pela metade os Deputados Federais e Estaduais e os Vereadores? SIM!

Idem. Embora as razões sejam outras, o grande número de deputados, cuja quantidade é determinada pela razão entre eleitos e número de eleitores, esta razão é muito baixa, mas poderiam ser minimizados os motivos contra se houvesse o voto distrital. Nesse caso, poderíamos dizer que a quase totalidade dos eleitores estaria representada no parlamento. Atualmente a representatividade, pelo menos a virtual, dá-se para os moradores das áreas mais densamente povoadas, mormente as metropolitanas. As áreas mais remotas do estados raramente contam com um representante. Logo, conclui-se, moradores das áreas metropolitanas têm bastante representatividade legal na Câmara enquanto os das áreas distantes das capitais continuam esquecidos.

·       Acesso a cargos públicos exclusivamente por concurso, e NÃO por nepotismo? SIM!

Perfeito. Mas como acreditar que a corja federal aprovaria tal medida? A mãe do governador vira ministra do TCU, o filho do líder petista vira presidente do recém criado Supercade, a esposa do ministro é ministra da casa ao lado, o secretário da presidente é irmão da outra ministra, a delgada que investigou a morte suspeita do prefeito petista é tia do genro do ex-presidente (sujeito passivo nessa morte), o ministro do STF indicado pelo ex-presidente era dono da churrascaria em que se reunião petista de alto escalão... Desde que Pero Vaz de Caminha usou do pistolão para arrumar um empreguinho para o genro, logo na primeira carta escrita desde aqui, nepotismo tem se tornado traço marcante na cultura nacional.

·       Reduzir os 37 Ministérios para 12? SIM!

O número e os nomes dos ministérios deveriam ser constitucionais e não à mercê da vontade e dos interesses dos governantes e seus apaniguados desempregados, ineptos para passarem num concurso público e ávidos de uma teta da viúva onde se pendurar. Educação, Saúde, Educação, Planejamento e Economia, Infraestrutura (incluindo estradas, aeroportos, portos, saneamento básico, hidrovias e transportes), Indústria, Comércio e Tecnologia, Relações exteriores

·       Cláusula de bloqueio para partidos nanicos sem voto? SIM!

Limite para três partidos. Sei que é pedir muito, mas três partidos estaria de bom tamanho. Só na última semana foram criados três, cada um formado por um casal, meia dúzia de parentes e alguns amigos de boteco ou célula terrorista dos anos 70. Todos com um só propósito: fazer dinheiro para seus líderes, os pastores sem religião. Embora os líderes vermelhos tenham decretado o fim da direita e os incolores lhes fazem coro, um partido de direita, um de esquerda e um de centro bastariam e decretariam a morte desse canavial de legendas vazios. A continuar nesse ritmo, logo nos tornaremos uma Argentina, que tem 770 partidos e a gente só ouve falar dos peronistas. Se temos o triplo da população argentina, guardada a proporção, passaríamos a ter 2.310 partidos.

·       Fidelidade partidária absoluta? SIM!

Daqui a pouco teremos o PL – Partido das Lavadeiras, PTD –Partido dos Traficantes de Drogas (tudo em nome da liberdade de expressão, segundo o STF), PAA – Partido dos Amantes do Amarelo, para aqueles que não gostam dos vermelhinhos e acham o rosa uma corzinha muito gay, PSP – Partido dos Sem-Partido, uma ONG com desejo de grandeza... A legislação frouxa e os juízes politicamente corretos não percebem a diferença entra partidos políticos-ideológicos dos agrupamentos corporativistas e dão licença para qualquer agrupamento que consiga o mínimo de vaquinhas de presépio que assinem um manifesto qualquer. É isso que leva a se permitir a formação com a assinatura de mais de quarenta mil fantasmas e de alguns cadáveres em sua petição. Poucos partidos, fidelidade absoluta ao seu programa e estatutos causariam o positivo impacto de economia estratosférica, ou abissal.

·       Férias de apenas 30 dias para todos os políticos e juízes? SIM!

E horário comercial para os bancos. O Beócio termina tendo razão ao defender que Z’El Bigodon não pode ser julgado como uma pessoa comum. Algumas castas são privilegiadas e e chamam a isso de democracia.

·       Ampliação do Ficha-limpa? SIM!

Ficha-Limpa deveria começar na própria filiação dos partidos. As direções municipais, estaduais e federais deveriam pesquisar a vida dos aspirantes. Encontrada mácula, que o candidato a filiado resolvesse suas pendengas legais. Não fazendo essa triagem, teria o TER autoridade de desligar o sujeito ou suspendê-lo até que seu nome esteja limpo. Desobedecidas as determinações da justiça eleitoral, punição para os diretores regionais do partido, havendo uma escalada de punições até à suspensão do registro partidário. Mais uma vez estou divagando, esperando boas intenções de nossos políticos.

·       Fim de todas as mordomias de integrantes dos três poderes, nas três esferas? SIM!

A começar pelos salários de vereadores. Vereadores não têm que ter salários. Moram na mesma cidade em que trabalham, não têm que pagar alimentação fora de casa, salvo em cidades de médio a grande porte, via de regra têm seu próprio emprego ou empresa, não tem que deslocar-se por longas distância, idem aos dos que têm que comer fora. Aqueles que precisam desembolsar algum dinheiro para exercerem suas funções públicas, que o comprovem com documentos fiscalizados e recebam ajuda de custo no mesmo valor das despesas. Seria uma peneira diferenciar quem realmente se candidata para ajudar a melhorar o país dos que aspiram melhorar apenas sua saúde financeira e a de suas famílias.

Nas demais esferas, quando o sujeito tem que se afastar de sua cidade, que receba a mesma quantia que ganharia se estivesse em seu emprego, mais uma ajuda para moradia e transporte. Por exemplo, o deputado federal é professor da rede estadual em Quixeramobim e seu salário é R$ 1.327,66, este seria seu salário de deputado federal ou senador. Não há porquê senador e deputado federal terem salários diferentes se sua função constitucional é a mesma: legislar. O deputado-professor-cearense, por ter que viajar para seu local de trabalho, teria direito a passagem e moradia e mais ajuda para alimentação, uma vez que estaria mantendo duas despesas, a dele, em Brasília, e a da família. Nada de 130, 140, 150 e mordomias.

Um outro é comerciante em Passo Fundo e seus ganhos declarados ao Fisco são de R$ 5.000,00 mensais. Este seria seu salário como parlamentar, mais moradia, alimentação, transporte e c’est fini.

·       Cadeia imediata para quem desviar dinheiro público? SIM!

E pena dobrada. Se um adulto espanca uma criança, deve ser presa, se este adulto for seu pai ou responsável, pena dobrada. Se um marginal rouba uma galinha, deve ser punido, se o ladrão for um policial, pena dobrada. Se um empreiteiro vence uma licitação e usa na obra pública material de qualidade inferior ao contratado, deve ser punido; se este desvio tiver a anuência de um agente público, seja político, técnico ou fiscal, o agente público deve ter pena dobrada. Quem tem as atribuições legais de determinada tarefa, deverá fazê-lo sob a confiança de todo brasileiro. Trair suas funções é ofender todo o país, por isso a pena dobrada. Se não pudermos confiar no Estado que tem por obrigação zelar pelo nosso bem estar, em quem confiaremos?

·       Fim dos suplentes de Senador sem votos? SIM!

Você contrata uma faxineira. Mas a nobre senhora adoeceu e manda em seu lugar alguém que você não conhece, sobre quem você não pesquisou o passado ou as referências profissionais, correndo o risco de não ter a faxina bem feita, os móveis arranhados, a geladeira saqueada, os cristais quebrados... Assim é a suplência de senador. Você vota num e entregam outro. E alguma loja lhe dará um produto diferente do que você comprou sem que este substituto seja inferior ao primeiro?

·       Redução dos 20.000 funcionários do Congresso para um terço? SIM!

Há dez anos penso nisso. Naqueles dois monstros que eram o World Trade Center, atingido por dois aviões lotados, morreram pouco mais de três mil pessoas. Como poderiam morrer 20 mil se os aviões atingissem as torres gêmeas do Congresso Nacional? Como poder conceber que naqueles dois edifícios trabalhem mais de 20 mil pessoas? Fisicamente, é impossível. Conheço um assessor parlamentar de um deputado petista, tio da Aline Freitas, pega recebendo 5% no Denit, que jamais sai da cidade. Como o sujeito pode ser assessor parlamentar sem morar em Brasília? E pensar que a Fundação Getúlio Vargas recebeu uma fortuna para dizer que não havia qualquer coisa errada no Senado.

Parlamentar deveria ter direito a apenas dois assessores pagos pelo erário. Todos os demais deveriam ser concursados, é, afinal de contas, quem entende o mecanismo do Congresso.

·       Voto em lista fechada? NÃO!

Jamais! Isto é interesse apenas dos xerifes, os donos dos partidos. Já é difícil um filiado sem poder financeiro ou apadrinhamento político ser indicado pelos diretórios serem candidatos a cargos superiores aos de vereador, o voto de lista permitirá aos cardeais colocarem apenas os amiguinhos na chapa e para que isso ocorra, ou haverá ameaças, chantagens ou propina, além de limitar o direito de escolha do eleitor. A fim de comer bananas frescas, correremos o risco de só nos serem ofertadas bananas passadas, aliás, via de regra, com passado podre.

O voto em lista é apenas a reedição do voto vinculado que a ARENA criou em 1982 quando viu que perderia as eleições. Quem tem um pouquinho de memória lembrará que aqueles que defendem o voto em lista hoja nada mais são do que os que condenaram o voto vinculado há trinta anos. Naquela época consideravam-no antidemocrático e nocivo, hoje o defendem.

·       Financiamento público das campanhas? NÃO!

Seria mais um ralo para o dinheiro público, principalmente se levarmos em conta que o maior problema do desvio de verbas públicas é a falta de fiscalização. Os partidos deveriam fazer um cofrinho, cada um colocando um percentual de seus ganhos num fundo e eles próprios pagarem as campanhas em divisão equitativa. De olho em verbas maiores, os próprios partidos esforçar-se-iam em diminuir o número de partidos, o que nos levaria aos três partidos que defendi lá em cima.

·       Horário Eleitoral obrigatório? NÃO!

Sim! Sou a favor do horário político obrigatório. Os veículos de comunicação de massa são concessões públicas e campanhas eleitorais são serviço de utilidade pública, logo... O que deve-se evitar são as megaproduções que ganham o eleitor desavisado pelos efeitos especiais e não pelas propostas, que deveriam ser o verdadeiro recheio desse bolo.

·       Maioridade penal aos 16 anos para quem tirar título de eleitor? SIM!

SIM! E mais: menores de 16 também deveriam ser punidos e, em caso de crime de morte, receber a mesma punição que levariam um adulto, depois de serem levados a júri popular.

        Um BASTA! na politicagem rasteira que se pratica no Brasil? SIM!

Isto é muito vago, mas estou de acordo com cassação de mandato de políticos que não cumpram suas promessas de campanha, devidamente registradas em cartório e fiscalizadas diariamente por comissões especiais dos tribunais eleitorais.

Este texto será enviado a todos os senadores. Se concordar, mande também para seus parlamentares.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Oito anos de saúde no lixo

Padilha

Charge do amigo Fusca_Brasil

Você liga para uma clínica para marcar uma consulta e ouvirá a indefectível pergunta, sem qualquer constrangimento da secretária: “particular ou convênio?”. Entenda-se por convênio SUS, planos públicos de previdência dos serventuários ou planos de empresas privadas, e por particular as consultas que serão pagas na bucha, em cash, mas, ao contrário das sapatarias, não lhe será oferecido “10% de desconto à vista”.

Independentemente do cidadão ter ou não um plano privado de saúde, ele já deu parte do seu salário e de seus impostos diretos, para a saúde. Ou melhor, para o sistema público de saúde. O funcionário público que tem direito a um sistema de previdência médica para sua categoria, paga duas vezes: uma para a União, outra para sua unidade federativa. Há ainda os funcionários públicos que, além da previdência estadual, por garantia ou medo, paga também um plano privado, afinal de contas está no Brasil e tem que se cercar o azar pelos sete lados, nunca se sabe. Este, não o diabo, mas o funcionário, paga três vezes pelo mesmo serviço e ainda assim não tem a certeza de que será bem atendido.

A Constituição Federal prevê a descentralização da saúde, com maior participação dos estados e municípios, conhecedores de seus problemas, portanto, mais próximos de resolvê-los. Isso tem dado, a despeito dos acidentes de percurso e erros grosseiros que vez por outra tomamos conhecimento pelos jornais, bons resultados. Porém, dada a má gestão, os desvios de recursos, o despreparo de pessoal por parte dos municípios e o descaso de boa parte dos prefeitos, ainda há muito a se fazer. Em se tratando de verbas, esta está garantida através dos impostos cobrados nas três áreas. Em cidades em que a saúde foi municipalizada, o funcionário público tem seu plano e este mesmo funcionário tem plano privado, ele paga quatro vezes para ser assistido. Vez por outra, mormente em emergências, este ou aquele hospital não tem convênio com plano público e nem com aquele privado pago religiosamente a cada mês, o que leva o cidadão a pagar pela quinta vez.

Via de regra, quem tem plano privado não utiliza o sistema público, mas paga por ele. São 35 milhões de brasileiros nessa seara. Trinta e cinco milhões de cidadãos que desafogam os hospitais e postos de saúde públicos, mas que ajudam com seus impostos a manterem-nos funcionando.

A própria presidente falou em má gestão dos recursos destinado à área, mas, no mesmo instante, dá uma de pitonisa e afirma, vos firme de general, que os próprios brasileiros pedirão por um novo imposto. Ora, se há má gestão, o nó não está na falta de dinheiro, mas em seu mau uso. E isso qualquer cidadão minimamente esclarecido sabe desde sua mais tenra infância.

A Copa custará, segundo previsões, R$ 122 bilhões, quase três vezes os R$ 43 bilhões desejados pelo ministro Padilha. Ou seja, a Copa pagaria 3 anos de saúde pública. A presidente descobriu que o maior beneficiário da Copa será a Fifa, que tem orçamento maior do que o Uruguai, mas precisa de dinheiro do erário para engordar suas burras. A Olimpíada, de quem pouca gente fala, quase ninguém sabe quanto custará, provavelmente levará mais uns três anos de dinheiro, comparando-se aos 43 bilhões do Padilha. Só nessas duas competições estamos jogando pelo ralo seis anos de assistência aos quase 200 milhões de brasileiros.

Não resta dinheiro para se fazerem obras em cuba, Bolívia, Paraguai, Venezuela, para anistiar dívidas de países africanos, para ajudar a rica Europa, como promete Mantega, mas falta para manter vivos os brasileiros.

Existe dinheiro previsto no orçamento para essas farras internacionais?

Em 2006 o Brasil “investiu” US$ 32 bilhões no exterior e teve apenas US$ 10 bilhões de estrangeiros aqui dentro. Pior, desses US$ 32 bilhões, US$ 18 bilhões foram para paraísos fiscais. Estes total de dinheiro nosso mandado para fora tem aumentado de ano para ano, mas se pegarmos apenas o montante de 2006, ao câmbio de hoje seria algo em torno de R$ 56 bilhões, mais do que um ano pelos números desejados pelo ministro.

Somando-se Copa, Olimpíada e “investimentos” brasileiros no exterior, apenas no ano de 2006, já temos 7 anos de saúde jogados ao vento.

A Fundação Getúlio Vargas estima que entre 2002 e 2008 – esse período lhe diz alguma coisa, nobre leitor? -, foram desviados R$ 40 bilhões dos cofres público, e aí teríamos o oitavo ano de financiamento para a saúde. Já estamos em quase uma década de assistência pública sem a necessidade de qualquer imposto, apenas fechando as torneiras desonestas e priorizando o que deveria ser priorizado.

Esporte é saúde, diriam os professores de educação física e os programinhas de auto ajuda da televisão brasileira, mas 200 bilhões de reais para a saúde de 10 mi, atletas estrangeiros é um custo/benefício nada saudável para o país.

©Marcos Pontes

domingo, 2 de outubro de 2011

Ratos

Capital dos ratos

Se houvesse alguma lealdade e brio no adversário, talvez fosse tudo muito mais fácil. Provavelmente nem haveria tão acirrada adversidade, dada a passividade malemolente que herdamos dos índios. Mas não há. O adversário é traiçoeiro, ladino, omisso, mal intencionado.

Nem todo o trauma, porém, é culpa do adversário. Mesmo a parte adversária que não é aliada de outros adversários, torna-se conivente, seja por inépcia, seja por conveniência, com os desarranjos do adversário. Como num contrato legal, a partir deste ponto entenda-se por adversário o grupo que comanda a todos, adversários – também conhecidos como oposição – e passivos espectadores, os incolores, que comportam-se como calangos sobre o muro, satisfeitos com suas horas de sol e os insetos que se lhe caiam ao alcance da língua.

O maior de todos os adversários, aquele que saiu das classes baixas para o topo da pirâmide e tornou-se o messias dos adversários, tem a louvável qualidade oriental da paciência e a péssima característica dos mafiosos sicilianos. Paciência e vingança correm em suas veias. Soube alimentar por 28 anos sua sede de poder e vendeta. Alimentou-se com mingau frio da beirada do prato esperando a hora de avançar no meio onde se concentra a canela e os nacos mais substanciosos de milho e queijo. E o mingau estava bom, tanto que não quis passar o prato adiante, até admitiu que levaria o prato para casa ao final da segunda rodada de serventia dos acepipes.

Qualquer outro com o mínimo de dignidade envergonhar-se-ia de admitir que o gosto pelo poder era tão grande, os prazeres que se lhe dera tão inalcançáveis para seus rivais da plebe, mas não ele, não o messias da cara de pau. Este queria mais e sua sede não se aplacou, deseja atravessar o Mar Vermelho de novo e consigo trazer mais multidões para lhe fazerem a corte e o protegerem dos adversários morosos, complacentes, condescendentes, imovíveis.

Como líder dos desleais, não deixou de ser copiado. Sua escolhida, a messias do messias, já percebeu, conhecedora da velha práxis esquerdistas de livrar-se dos amigos quando eles deixam de ser úteis, e protege-se afastando-se pelos cantos, escamoteando, dando-lhe um sorriso afetuoso e virando-lhe as costas com esgares de medo e vigilância absoluta. Eles são iguais e se conhecem. Vieram do mesmo lixo humano, embora de castas diferentes. Sendo crias da mesma ninhada sabem que todo o cuidado é pouco em relação a seu vizinho e seus aliados. Nenhum dos dois tem a lealdade esperada numa contenda limpa. Dissimulam seu ódio e desejos inconfessáveis pelos prazeres do trono com sorrisos ensaiadamente amigáveis e tapinhas nas costas, as mãos procurando o local ideal onde se fincar o punhal.

Os adversários do adversário é que não aprendem. Fingem-se de mais inteligentes, mas, de fato, são apenas mais cultos, mais instruídos, mais estudados. O messias e seus protetores mostram que detêm a inteligência. Não confundir com a virtude, mas o vício. A tal inteligência que no Brasil foi rebatizada para “esperteza”, um vício muito mais danoso do que o tabagismo, que faz lá suas vítimas periféricas. As vítimas da esperteza institucionalizada pelo messias e seus orientadores intelectuais, um grupo disforme, porém conhecido de facínoras em pele de cordeiro, doutores que não têm títulos, senhores que não têm índole, autoridades que não têm caráter, consultores que não têm empresa, traficantes de papéis e influências, é toda uma nação que alimenta a metástase que a camarilha por ele comandada inoculou paulatinamente a partir de um pequeno vírus vermelho. Uma corja putrefata camuflada em ternos italianos e tailleurs Channel.

 

©Marcos Pontes

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Dupla face

dupla face

Ater-se a grupos político-partidários, ideológicos, religiosos, étnicos, regionais, de gênero ou de qualquer outra espécie é reduzir a amplitude do próprio universo. Há de se fazer um exercício constante de tolerância para crescer intelectualmente e entender o que nos cerca.

A interatividade não cessa e se impõe e fica velada se as convicções não se permitem serem alteradas. Essa mesquinhez intelectual leva ao desrespeito às diferenças que poderiam conciliar-se em diversos pontos, e à aceitação bovina dos messias que aparecem se não com as soluções dos problemas momentâneos ou crônicos do seu próprio grupo, com as posturas equivocadas, sob sua óptica, de grupos externos e assim, usando do relativismo nocivo, transfere para outrem as dificuldades das resoluções de suas próprias questões.

Pregando a unidade universal lideranças, pseudo-lideranças, intelectuais e intelectualóides induzem seus seguidores a apedrejarem outros agrupamentos enquanto se escondem covardemente no anonimato das internetes ou esbravejam sapiência do alto de seus totens de semideuses.

Os ditos progressistas pregam o fim das fronteiras, mas defendem o nacionalismo; bradam pela unidade latinoamericana, mas combatem a globalização; falam mal do capitalismo, mas enriquecem sem pudores ou, se ainda não conseguiram enriquecer, justificam os meios tortuosos pelos quais muitos dos seus líderes fizeram fortunas; gritam contra a tal “homofobia”, mas esquecem-se propositadamente dos assassinatos de homossexuais pelos seus ancestrais políticos e pelos atuais ditadores coligados médio-orientais; dizem querer o fim da violência urbana, mas não se furtam em defender os narcotraficantes da FARC – aliás, talvez por isso mesmo desejam a descriminalização das drogas, principal fonte de renda dos terroristas colombianos; chamam seus opositores de golpistas, mas não deixam de endeusar seus heróis que deram ou tentaram dar golpes armados no Brasil, Cuba Colômbia, Venezuela, Uruguai, Bolívia, Peru...

O sectarismo não permite perceber em grupos diversos alguma qualidade, o que desautoriza os sectários a defenderem a cosmopolização e o multiculturalismo que defendem, monoculturais que são.

Nego-me a ser imparcial, mas também a me filiar a grupos, o que também pode ser tomado como uma contradição, dado o exposto acima. Como posso defender a interação entre grupos se me posiciono terminantemente contra a esquerda? Ela, a esquerda, nada teria a me ensinar? Se não sou imparcial ou de esquerda, sou de direita, portanto, de um grupo, o que me leva a negar tudo o dantes dito. Minha justificativa é que direita, esquerda e centro não são grupos, mas aglomerados. Cada uma dessas posições comporta incontáveis vertentes.

Desses muitos matizes nascem as discórdias, as polarizações, os embates além das idéias, as agressões, as intolerâncias. Entre os mais intolerantes estão os que exigem a tolerância alheia arrotando sapiência e vomitando superioridade. Aos que proclamam os adversos como intolerantes jogam sua própria intolerância em cima com o propósito de esmagar opiniões contrárias às suas. A tolerância que apregoam, portanto, passa a se apenas máscara, um eufemismo, para o totalitarismo, a unificação de idéias, a confluência de todos os pensamentos para seu próprio pensamento, que nem sequer são seus, mas de seus comandantes. Aliás, eles adoram comandantes, líderes supremos, heróis eternos e intocáveis.

Para o bem da humanidade e para a liberdade das almas humanas a unificação de pensamentos, ideais, ideologias, credos, cores, gostos, gêneros desejos e idéias é tão utópico quanto o próprio comunismo.

 

©Marcos Pontes