
Na semana passada foram descobertos 69 guerrilheiros de extrema direita no entorno da região conhecida como Bico do Papagaio, extremo norte de Tocantins e sul do Pará, na zona campestre de Xambioá, São Félix do Xingu e Marabá.
Investigações da Polícia Federal dão conta que esses homens e mulheres vêm instalando-se no local há três anos e vieram de cidades várias, principalmente Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza, e eram comandados por um ex-remador do Botafogo, Oscar, um negro de quase dois metros de altura.
Além dos 69 descobertos, havia uma intrincada rede clandestina ligada a facções criminosas que executavam assaltos a bancos e carros fortes e sequestros relâmpagos com a finalidade de levantar fundos para financiar a guerrilha, desde alimentação, documentos falsos, transporte até a aquisição de armamentos, de pistolas semiautomáticas a fuzis AR-15, traficados pelas fronteiras do Paraguai e da Venezuela.
Avisada pela ABIN, a presidente Dilma não perdeu tempo em convocar Celso Amorim, Ministro da Defesa, e ordenar a imediata destruição do levante que, segundo levantamentos oficiais embasados em vasta correspondência encontrada com Oscar, morto em confronto com uma patrulha do Exército, tinha como objetivo "derrubar o governo comunista que instalou-se em 1994 e vem sucedendo-se desde então".
As ordens aos militares eram claras: desmontar a guerrilha a qualquer custo. É inadmissível o uso de forças civis armadas com o intuito de promover um golpe de estado meramente ideológico. Se houvesse prisioneiros, que esses fossem duramente interrogados e coletado o máximo de informações possíveis para desmantelar toda a rede terrorista.
Parece crível a notícia acima? Lógico que sim, afinal de contas é apenas a reprodução do que poderia ter sido notícia no início dos anos 70 sobre o episódio conhecido como Guerrilha do Araguaia.
Se tais fatos ocorressem nos dias de hoje indubitavelmente a maioria absoluta da população colocar-se-ia do lado do governo, afinal de contas não tem cabimento um grupelho querer derrubar um governo, sem falar na burrice de querer tomar Brasília a partir do meio da mata amazônica. É como ir à guerra armado de estilingue.
Mas, analisando mais a fundo os “fatos”, algumas perguntas seriam inevitáveis: os 69 guerrilheiros foram obrigados a pegar em armas ou o fizeram por livre escolha? Mesmo que o governo atual tivesse sido empossado por meio de fraude ou golpe de estado, seria justificável a prática de crimes contra a população civil, como assaltos, roubos, contrabando e sequestros, para financiar o contra golpe? Incomodados com o governo e seus desmandos, não seria o caminho correto recorrer democraticamente à Justiça e a organismos internacionais ao invés de lançar luta armada contra outros brasileiros? O Exército teria agredido os terroristas ou contra atacado agressões sofridas? Os guerrilheiros e seus descendentes teriam direito a indenizações depois de terem provocado a luta armada ou deveriam restituir à União os gastos despendidos no contra ataque e às famílias de suas eventuais vítimas? Defendendo uma democracia, não seria muito mais coerente empenhar-se numa oposição democrática do que na força física e covarde de guerrilha clandestina?
©Marcos Pontes