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sábado, 20 de outubro de 2012

E-mail para os senadores

 

Enviei o e-mail abaixo para 79 senadores (dois deles não têm endereço de e-mail no site do Senado). Sei que não responderão, talvez nem lerão, mas continuo tentando.

 

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

...

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

Constituição Federal

Excelentíssimos e excelentíssimas senadores e senadoras,

(Ultimamente torna-se imperativo deixar claro o gênero do interlocutor, mesmo que seja uma só missiva para muitos, como se tivéssemos que demonstrar que não discriminamos mulheres. Uma das estapafúrdias máximas da era “progressista” em que vivemos).

Se um pai comete um crime, seu filho pode ser preso por isso? A culpa é transferível? Ao que consta nos parcos conhecimentos jurídicos deste autor leigo, ambas as respostas são “não”. Deve pagar pelo erro aquele que o cometeu.

Sendo assim, é inadmissível a justificativa de que cotas para negros e pobres ingressarem nas universidades públicas seja uma questão de “justiça histórica” (seja lá o que isso signifique) por conta dos nossos tempos escravistas, encerrados ainda antes da instauração da República.

Tetranetos de escravagistas, que eram minoria naqueles tempos, não podem ser penalizados com os erros dos seus antepassados.

Mesmo que isso fosse justo, como identificar os tetranetos dos negros africanos que traficavam negros de tribos inimigas para os comerciantes europeus? Ou eram apenas os brancos que colocavam negros nos porões insalubres dos navios negreiros? A História diz que não, o que faz dessa “justiça histórica” o justiciamento de uns e a anistia de outros, ambos praticantes dos mesmos “crimes”. Não há justiça, portanto, mas vingança.

Imaginemos o que dirão de nós num futuro não tão distante, nas gerações que virão após esse oba-oba que teima em jogar brasileiros contra brasileiros como método para popularizar governos sucessivos que não priorizam o método, mas os votos, utilizando-se de mentiras calcadas na ignorância popular: “no início do século 21 os governos brasileiros utilizavam-se de discriminação racial para classificar seus cidadãos socialmente, do mesmo modo que agiram os governos de dois séculos antes nos nada saudosos anos de Brasil Colônia e Brasil Império, com a diferença que os privilegiados eram os herdeiros daqueles que antes eram ultrajados e os ultrajados eram herdeiros genéticos dos que antes eram os senhores da elite escravista”.

Seremos descritos com um sistema de apartheid às avessas.

Agora vossas excelências analisam um sistema de cotas para o ingresso no serviço público.l Vamos persistir no erro? Os negros e pobres (futuramente os gays, como já ensaiam algumas lideranças políticas) são tão incompetentes que só conseguem a tão sonhada ascensão social violentando o Artigo 5o da Constituição Federal? São tão incapazes que precisam de empurrões legais para galgarem os degraus do sucesso estudantil/profissional?

Se afogamos a meritocracia no mar de lama do populismo, como podemos aspirar um crescimento científico e tecnológico?

Pensem bem, senhores e senhoras, no Brasil que estão ajudando a construir ou destruir. Priorizem a excelência das escolas públicas de ensinos fundamental e médio para armarem os estudantes menos privilegiados a lutarem com as mesmas armas dos mais abastados na disputa por vagas, ao invés de discriminarem criminosamente aqueles que serão punidos por conta da cor da sua pele, dos eu poder aquisitivo muitas vezes alcançado por conta do estudo e do trabalho árduo de seus ancestrais, ou sua orientação sexual.

Marcos Pontes, um mulato brasileiro cada vez menos orgulhoso de ser brasileiro.

5 comentários:

  1. Caro amigo Marcos não criticando o teu ponto de vista, eu tenho uma visão diferente do assunto.
    Nosso País ainda não esta preparado pra seguir livremente sem a imposições de leis e decretos, pras sertãs questões direcionadas a direitos e deveres.
    Ainda usamos de todas as maneiras possíveis, o poder que temos pra conseguirmos nossos objetivos, ou seja um bom relacionamento abre as portas que precisamos, alem disto o preconceito, o racismo, continua forte, bem disfarçado, pois graças a leis e decretos não e praticado a vista de todos, mais ele esta vivo dentro da mente de tantos e deves enquanto mostra sua cara.
    Os negros ainda são descriminados sim em relação aos brancos e não só os negros, sabemos que poucos conseguem uma vaga de um bom emprego, uma vaga pra uma boa faculdade se tiverem que competir por elas, não que não tenham capacidade e que o fator de serem negros, índios e pobres torna quase impossível ter sucessor diante de uma força que trabalha invisível o preconceito.


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  2. Apartheid nem tanto às avessas já que a presidente determinou que nas Universidades Federais as cotas serão de 50%. Acho isso uma vergonha! Uma declaração pública deu que os governantes não sabem, ou pior, não querem investir na educação de base no país. Se querem consertar um erro histórico invistam no ensino do país dando a todos condições de concorrerem em pé de igualdade, sem cotas, de forma que o esforço pessoal de cada um seja a única diferença!

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  3. Outra mulata que estudou sem cotas, com o sacrifício dos pais conscientes,concorda,totalmente, com seu e-mail e assina em baixo.Professora, através dos netos, vejo que o ensino fundamental deteriorou-se totalmente.Não adiantarão cotas,nem aulas de reposição se o básico não foi ensinado e gravado. Repor o que,se não aprenderam nada?
    Podem enganar a muitos mas não a todos.

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  4. Marcos , citando você "Se afogamos a meritocracia no mar de lama do populismo, como podemos aspirar um crescimento científico e tecnológico?"...e acrescentaria como podemos aspirar algum crescimento moral?

    Parabéns! Mais um excelente texto emque você mostra que o pensador tem que ser honesto intelectualmente, virtuoso (ter virtude, bien sur) e corajoso.

    Uma brasileira "amarela" cheia de orgulho por seua mulher.

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  5. Esse é um tema irreversível, pauta vencida. Mesmo os que são contra, pontualmente, as cotas, ficam a favor pela pressão da "opinião publicada".

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