Abaixo segue o e-mail que acabo de enviar a todos os parlamentares, mesmo sem esperança que qualquer um deles tenha a mínima disposição em responder:
Excelentíssimo Sr(a) Parlamentar,
Como reles eleitor, fiel depositário da esperança nas mãos dos senhores e senhoras eleitos(as), só me resta ler os jornais e rezar para que V.Exas. um dia se preocupem mais com o Brasil e os brasileiros do que para seus mandatos, suas regalias, seu poder de barganha, seus currais eleitorais, suas carteiras privilegiadas, as benesses que recebem do Poder, o ego estampado em manchetes mesmo que essas não sejam elogiosas. Pensando assim, mesmo que ingenuamente, venho apelar para suas consciências e a necessidade que muitos dos(as) senhores(as) têm de um choque de realidade.
Não são suas bases eleitorais em seus estados que lhes dirão o que a população pensa, sofre e sua para manter-se empregada, alimentada, educada e medicada. Seus cabos eleitorais e eleitores cativos vivem de aplaudir o que quer que V.Exas. digam ou façam, mas se derem-se ao trabalho de afastarem-se de seus cercadinhos e frequentarem a feira, a praça onde os aposentados se reúnem (mesmo que com medo da violência), as filas dos bancos ou das esperançosas lotéricas (onde se depositam mais esperanças do que nas ações governamentais assistencialistas, enganadoras e mentirosas, ouvirão a verdadeira voz rouca do brasileiro comum.
É uníssono o grito por mudanças e a maior e melhor das mudanças seria a troca da gerência. Fazendo um paralelo entre a governança e a gerência de uma grande empresa, se o gerente está levando a companhia à bancarrota e não tem mais o respeito sequer de seus auxiliares mais próximos, imediatamente é substituído. Quando isso ocorre, a empresa passa obrigatoriamente por um período de readaptação depois do qual volta a crescer, a fincar os pés no mercado e alivia a insegurança de seus empregados e acionistas. Não seria diferente com a gerência da nação.
Não aplaudimos os discursos demagogos, as negociatas por cargos e vantagens, as chantagens entre Poderes personalizados em fulana e sicrano. Não cremos mais nas promessas de que a crise é passageira e que aquele mesmo grupo de incompetentes que nos levam à “quebradeira” irá nos levar ao paraíso. Essas falácias já não funcionam, já não nos convencem.
A “pátria educadora” não educa e nos faz passar a vergonha de termos um dos piores índices mundiais em educação; o INSS, que seria “exemplo para o mundo”, como vaticinou um irresponsável e mentiroso ex-presidente, não assiste mais aos seus contribuintes e não investe em qualidade de atendimento e recursos para bem atender àqueles que contribuem mensalmente para seu funcionamento; a segurança pública, obrigação constitucional do Estado, é uma ruína nacional, seja numa das mais extensas fronteiras do mundo, seja na menor cidade do mais longínquo interior; o tão cantado “pleno emprego” caminha a passos céleres para o “pleno desemprego”; o Plano real, que mesmo com erros e tropeços tirou o Brasil do Buraco há 21 anos, está sucateado, maltrapilho, desrespeitado, moribundo. Aquele planejamento a médio prazo que as famílias faziam dada a estabilidade da economia e da moeda não existe mais e as gerações que estão chegando à vida adulta estão prestes a conhecer a inflação de dois dígitos que os mais velhos consideravam morta e sepultada.
Não acreditamos nas desculpas que as crises política e social são culpa da crise mundial (estamos decrescendo enquanto que os países ditos em crise estão com superávit), da oposição (ela existe?), dos banqueiros (que contam com o benefício das negociatas escusas com o Governo Federal e com a política econômica escorchante), da CIA (como disse aquele parlamentar acreano) ou em qualquer outra balela tirada sabe-se lá de que recanto escuro e mal cheiroso da presidente de direito ou do presidente de fato, da Operação Lava Jato que tem se transformado na última esperança de moralização do país, ou de qualquer outro ator jogado em cena pelos marqueteiros pagos em moedas de ouro ou os informais cegos ideológicos, Temos a mais absoluta certeza que toda a culpa dos perrengues pelos quais o Brasil vem passando é do Governo federal, mal capitaneado por uma senhora que consegue sequer fazer um discurso coerente para crianças do jardim da infância.
Por isso, senhoras e senhores, venho, em meu nome, mas com a certeza de que esta missiva poderia ser subscrita por milhões de brasileiros, que apelem para seu último suspiro de consciência e patriotismo e agilizem a substituição do comando da nação. A deposição da presidente Dilma Rousseff não é apenas uma questão política, mas a realimentação da esperança de 200 milhões de cidadãos que não merecem sofrer as agruras que nos são impostas.
Marcos Pontes, um brasileiro à beira da descrença total.